Não chega a ser um caso único no país, mas o governador Beto Richa legou para si mesmo uma herança maldita, que agora transfere para os contribuintes. Em situação muito parecida com a que vive a presidente Dilma Rousseff, as contas estaduais também não fecham. Em Brasília, tenta-se obrigar o Congresso a aceitar uma maquiagem no orçamento para que o governo pareça não ter incorrido em desobediência à Lei de Responsabilidade Fiscal; aqui, a solução mais à mão é a mais usual entre governantes que enfrentam apuros de caixa: aumentar impostos.

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O pacote de aumentos tributários entregue à Assembleia Legislativa para aprovação sem maiores delongas inclui a majoração do IPVA em 40%; a elevação da alíquota do ICMS na gasolina de 28% para 29%; e a cobrança de contribuição previdenciária de 11% dos servidores aposentados sobre a parcela que exceder o teto pago pelo INSS (R$ 4,4 mil mensais).

O tarifaço deveria ter sido aprovado ontem pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia, mas teve sua votação adiada para a semana que vem em razão de um pedido de vistas formulado por deputados da oposição (Tadeu Veneri e Péricles de Mello, ambos do PT). Ninguém duvide, porém, que tudo esteja resolvido a contento (pelo governo) bem antes do Natal.

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Com estas providências, espera-se acrescentar ao caixa de 2015 mais R$ 1,5 bilhão – o que não exime o governo de também buscar outro empréstimo de R$ 300 milhões. Quanto à diminuição de despesas, o governador propõe a fusão de algumas secretarias, embora não haja previsão de quanto isto resultará em redução de gastos.

Na gestão que está terminando, Richa dizia que suas dificuldades provinham de dívidas do passado e da atuação de ministros paranaenses que lhe criavam embaraços para conseguir empréstimos. As dívidas ele diz ter pago e os empréstimos acabaram saindo.

Agora, com a inestimável ajuda dos contribuintes, talvez o xoque de jestão acabe saindo do terreno da promessa.

Olho Vivo

• Cruel 1

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Setores da polícia e da política paranaense tentavam dissipar uma dúvida cruel, ontem, logo após o anúncio por Beto Richa de que o deputado Fernando Francischini (SD) será secretário da Segurança Pública a partir de janeiro. A dúvida – não resolvida – consistia em saber quem mais se beneficiaria com a nomeação, se a Segurança com a presença de Francischini ou a Câmara Federal com a sua ausência.

• Cruel 2

Delegado da Polícia Federal, Francischini foi atraído para a vida política após ter ocupado a secretaria Antidrogas de Curitiba na gestão do então prefeito Beto Richa. Eleito e reeleito deputado federal com votações notáveis, tem atuado na Câmara com demonstrações de valentia – como aquela em que quase se engalfinhou em luta corporal com colegas, em 2013, indignado com seu afastamento da CPI do Cachoeira. Antes de entrar para a política, o futuro secretário da Segurança prestou serviços como policial militar em Campina Grande do Sul (região metropolitana) e, já como PF, no estado do Espírito Santo, mas sua fama se tornou nacional ao participar da prisão do megatraficante colombiano Juan Carlos Abadía em 2007.

• O caos

Pacientes que precisarem de remédios gratuitos distribuídos pelas unidades municipais de saúde de Curitiba podem esperar o caos antes do fim deste mês e em janeiro. O estoque de medicamentos está no fim e não há recursos para reposição. A prefeitura culpa o governo do estado pelo atraso, há meses, no repasse de verbas previstas em convênio para este fim. A dívida já chega a quase R$ 5 milhões. A maior parte dos remédios é de uso contínuo e para doenças graves. Nas farmácias costumam custar o que os pacientes não têm condições de pagar.

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• Sem decisão 1

Ficou para a semana que vem a decisão judicial que vai dizer quem, afinal, manda no PMDB paranaense. Pouco antes da eleição, uma assembleia convocada pelo grupo do senador Roberto Requião tirou da direção do partido os seus então presidente, deputado Osmar Serraglio, e o secretário-geral Orlando Pessuti. O grupo deposto recorreu à Justiça e ontem o caso seria julgado – não tivesse um dos juízes pedido vistas do processo.

• Sem decisão 2

A contenda é ainda resquício da campanha eleitoral: a direção partidária apoiou a reeleição de Beto Richa ao governo do estado, embora o PMDB tivesse aprovado em convenção o nome de Requião para disputar o pleito. Pessuti chegou até a aparecer no programa de Beto apelando para os eleitores não votarem em Requião.

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