O Instituto de Previdência do Município de Curitiba (IPMC) corre o risco de extinção ou de não poder arcar com os benefícios que paga aos aposentados e pensionistas da prefeitura de Curitiba. A revelação é da própria presidente do IPMC, Walkiria de Pauli, em longo pedido de providências que endereçou no mês passado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) requerendo averiguações sobre a legalidade do comportamento de duas instituições financeiras que se negam a devolver imediatamente R$ 17 milhões que o Instituto tem aplicados num fundo de renda fixa administrado pelas empresas. A CVM ainda não respondeu.
Segundo a carta, o IPMC aplicou em 2009 mais de R$ 21 milhões, mas só poderia fazer resgate integral se concordasse em esperar 1.080 dias, conforme reza o contrato. Para resgate antecipado, o IPMC teria de pagar um "penalty" de 20% sobre o valor aplicado. É o que está acontecendo: o IPMC está disposto perder R$ 4,3 milhões para tentar receber já apenas o saldo de R$ 17 milhões.
Os gestores do fundo de renda fixa são o BNY Mellon Serviços Financeiros e a Incentivo Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários. O BNY alega que não dispõe de liquidez para fazer o resgate imediato, como exige o IPMC, mesmo descontando o "penalty". BNY Mellon é a sigla do Bank of New York Mellon instituição financeira que está sendo investigada pela Suprema Corte dos Estados Unidos por suposta participação no esquema da bilionária "pirâmide" inventada pelo investidor Bernard Madoff, que cumpre pena de 150 anos de prisão por ter dado calote de R$ 65 bilhões de dólares nos que acreditaram nele.
Olho vivo
Deu Suco 1
O vereador João Cláudio Derosso foi reeleito presidente da Câmara Municipal de Curitiba. Não se espante: esta é apenas a interpretação de alguns que, ontem, assistiram à eleição do vereador João do Suco (PSDB) para cumprir o mandato tampão de 11 meses na presidência do Legislativo, cargo que ficou vago com a renúncia de Derosso. João do Suco obteve 25 votos contra 11 dados ao candidato da oposição, o vereador Paulo Salamuni (PV). Houve duas abstenções uma delas do vereador Caíque Ferrante (PRP) que, à última hora, desistiu de concorrer ao constatar que não podia vencer a força da máquina.
Deu Suco 2
A eleição de João do Suco (que poucos conhecem pelo nome próprio, João Cordeiro) já estava decidida desde quinta-feira à noite, quando os caciques tucanos se reuniram para quebrar as resistências. Derosso, que estava presente à reunião, votou ontem em João do Suco. No discurso, o novo presidente fez as promessas que o momento exigia: tornar a Câmara mais moderna e mais transparente. Não prometeu aprofundar as investigações que levaram Derosso a renunciar.
O subsídio 1
A coluna não encontrou quem desmentisse que a Comec (Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba), órgão do governo do estado, vai repassar à Urbs R$ 64 milhões para subsidiar o transporte coletivo, cuja tarifa foi fixada em valor abaixo do custo. A coluna também não encontrou quem confirmasse oficialmente a informação, mas fontes bem credenciadas para falar do assunto garantem que o martelo já foi batido. As mesmas fontes, porém, não souberam informar sob que rubrica orçamentária será feito o repasse.
O subsídio 2
R$ 64 milhões é o quanto falta para cobrir o custo real do transporte coletivo integrado metropolitano, conforme cálculos concluídos pela Urbs em conjunto com a Comec. É a diferença que, em um ano, vai resultar do fato de a tarifa ter sido reajustada para R$ 2,60 contra um custo técnico de R$ 2,79 por passageiro. O subsídio foi prometido pelo governador Beto Richa ao prefeito Luciano Ducci em dezembro, quando já se vislumbrava que o reajuste necessário para R$ 2,80 poderia comprometer a reeleição do prefeito.
O subsídio 3
A concessão do subsídio levanta duas dúvidas: a) ele será mantido mesmo que Luciano Ducci não seja reeleito?; b) o que tem a ver com o transporte de Curitiba o contribuinte que mora em Pranchita ou Barra do Jacaré que nem anda de ônibus?
Indefinição
O PV está dividido. Não sabe se apoia Ratinho Jr. (PSC) ou Gustavo Fruet (PDT). Os dois candidatos foram sabatinados esta semana pelos verdes, separadamente. Ambos saíram satisfeitos das reuniões, mas sem aquilo que esperavam da direção do partido uma declaração imediata de adesão às suas respectivas candidaturas.