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Houve chuva de protestos quando esta coluna observou, dias atrás, que Osmar Dias havia perdido o eixo. Na época, 29 de agosto, o Ibope e o Datafolha mostravam-no paralisado há duas semanas em 34% enquanto Beto Richa subia e se distanciava dele com 16 e 13 pontos à frente, respectivamente. Duas semanas depois, é Beto quem parece ter perdido o eixo.

Atribuía-se a estagnação de Osmar, entre outros fatores, à perda de identidade que sofreu em razão da aliança com Requião e com o PT. Por causa disso, o candidato perdera grande parte do discurso que, pelo menos desde 2006, sustentava e dava viabilidade eleitoral à sua candidatura.

Lembrava-se, na ocasião, que os quase 50% dos votos que Osmar obteve em 2006 na eleição contra Requião derivavam da sua postura de oposição ao governo do adversário, que passara a ser seu aliado. E, para não desagradar o PT e seus militantes, deveria também ser mais comedido em relação ao MST – bicho-papão dos proprietários rurais, segmento que mais apoio lhe dava.

A perda desses dois itens do discurso que se esperava ouvir de Osmar Dias é que provavelmente mais lhe impunha a estagnação em que se encontrava. O "fator Lula", com quem se "colou" principalmente a partir do comício do presidente em Foz do Iguaçu, lhe devolveu pelo menos em parte a vitamina que precisava – conforme demonstram as pesquisas eleitorais divulgadas nos últimos dias, a ponto de reduzir a diferença que o separava de Beto Richa.

O aparente êxito que o "fator Lula" operou em favor de Osmar provocou reação nas hostes de Beto Richa. Se, até então, o candidato tucano vinha ocupando com sucesso o vazio deixado por Osmar, a partir do momento em que percebeu o crescimento do adversário, passou a adotar o mesmo discurso – lulista e requianista, quase.

Tanto que incluiu propostas de continuidade de programas de ambos. Trator Solidário, Luz Fraterna, Leite das Crianças, Irrigação Noturna passaram a fazer parte do discurso de Beto, com promessas até de ampliação. De Lula, não só tomou em­­­­prestado o Bolsa Família, como idealizou o Bolsa Para­­­­naense, por meio do qual pretende, se eleito, destinar R$ 300 milhões do orçamento por ano para acrescentar R$ 50 na renda de cada uma das 480 mil famílias já assistidas pelo bolsa federal.

Teria Beto Richa perdido também o seu eixo, passando de oposição à situação?

Olho vivo

Integral 1

O ministro Paulo Bernardo entra em férias amanhã do Planejamento. Vai descansar? "Não, diz ele, vou dedicar tempo integral nas próximas semanas à campanha no Paraná". Entre outras missões que lhe caberá será a preparação de mais duas visitas que o presidente Lula fará ao estado para comícios em favor de Dilma Rousseff e Osmar Dias, provavelmente nos dias 24 e 25 – um na região de Curitiba e outro no interior, se em Londrina ou em Cascavel, ainda não se sabe.

Integral 2

Outro que pediu licença do cargo para fazer campanha é o prefeito de Londrina, Barbosa Neto, do PDT. O prestígio de sua administração está em queda junto aos londrinenses, mas acredita que ainda tem condições de influenciar nos resultados em sua cidade se ficar inteiramente à disposição da campanha.

Datafolha

O Instituto Datafolha está em campo novamente para saber a opinião dos paranaenses principalmente sobre a corrida presidencial. Quer medir a influência sobre o eleitorado das denúncias de quebras de sigilos fiscais de alguns tucanos e de outras que envolvem a ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, amiga e sucessora de Dilma Rousseff no cargo. Mas o Datafolha deve medir também o desempenho dos candidatos a governador e senador.

Diferente

Por falar em Datafolha (*), a última rodada, divulgada sexta-feira passada, mostra que Curitiba é bastante diferente do interior quando se trata das preferências em relação aos candidatos a senador. Na capital, Requião (PMDB) ocupa o 3.º lugar, com 33%, 14 pontos abaixo de Gleisi Hoffmann (PT), que tem 43%. Gustavo Fruet (PSDB) está em segundo, com 42%, praticamente empatado com a petista. Os curitibanos que indicaram apenas um candidato, os que ainda estão indecisos quanto às duas vagas e os que prometem votar em branco/nulo ainda somam 57%.

(*) A pesquisa Datafolha ouviu 1.229 pessoas em 46 municípios nos dias 8 e 9 passados. Está registrada no TRE sob o nº 21.185/2010. A margem de erro é de 3 pontos porcentuais para mais ou para menos.

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