Vamos apenas raciocinar. Não é preciso apelar para passionalismo ou partidarismo. Deixemos ser levados pela lógica partindo das seguintes premissas:

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• Até 31 de dezembro registrava-se escassez de remédios em postos municipais de saúde;

• A prefeitura reclamava que repasses federais para compra de medicamentos chegavam atrasados; o governo estadual também não cumpria integralmente convênio de liberação de verbas para aquisição de remédios para a rede curitibana;

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Leia mais: Requião trabalha para criar chapa com Alvaro e Osmar Dias em 2018

• Dia 1.º de janeiro toma posse o novo prefeito; no lugar do opositor Gustavo Fruet entra o aliado Rafael Greca;

• Dia 3 de janeiro, segundo dia útil após a mudança de prefeito, o governador Beto Richa chama ao Palácio Iguaçu o novo secretário municipal de Saúde, João Carlos Baracho, e lhe faz a entrega de R$ 4 milhões destinados à compra emergencial de remédios. O valor, segundo afirmou o agradecido Baracho, garante o abastecimento por dois meses. Não esqueceu de citar seu chefe imediato: “como diz o prefeito Rafael Greca, não podemos perder nem um minuto na luta pela preservação das vidas. É isso que estamos fazendo aqui”.

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• Apesar da presença de políticos, dentre eles o deputado, ex-prefeito e aliado Luciano Ducci, Richa desvinculou o ato de repasse de qualquer propósito político ou demagógico. “É um gesto de solidariedade com o povo de Curitiba”, afirmou.

• Os recursos surgiram rápido, milagrosamente. Antes eles não existiam porque o prefeito era da oposição? Só passaram a existir depois da posse de Greca? Antes do dia 1.º de janeiro o povo de Curitiba não merecia o “gesto de solidariedade”?

Se as premissas forem verdadeiras, a conclusão lógica pode ser aquela que o leitor tiver em mente.

E por falar em remédios, eles ficaram mais caros no Paraná desde o início do ano, quando entrou em vigor nova alíquota do ICMS. Decreto publicado na véspera do Natal elevou de 12% para 18% o tributo cobrado sobre genéricos e similares.

Requianice 1

O mandato de senador de Roberto Requião está no fim. Sabe que não tem chances de concorrer ao governo, embora venha espalhando suposta pretensão de disputar o cargo. Valoriza-se: quer mesmo é se reeleger senador – mas as dificuldades não são menores. Dependendo do destino que for dado ao comando do PMDB paranaense – do qual é presidente sub judice –, corre o risco até de lhe ser negada a legenda.

Requianice 2

Por isso, estaria agindo nos bastidores. Não combinou nada com os russos, mas acredita ser possível tirar da cabeça de Alvaro Dias (PV) a decisão de concorrer à presidência da República para disputar a sucessão de Beto Richa em 2018. A chapa, encabeçada por ele, seria completada por dois candidatos às vagas de senador – Osmar Dias e, claro, o próprio Requião.

Requianice 3

Seria, segundo raciocina, uma trinca invencível e palatável para o PMDB estadual (que não teria como não aceitá-lo como candidato) e para outros grupos de oposição ao governador Beto Richa. Este seria a primeira vítima ao perder a “escada” de Osmar Dias. Se Osmar deixar de ser candidato ao Palácio Iguaçu, Beto não teria onde se segurar, diz Requião aos mais próximos.

Requianice 4

O canto da sereia que Requião entoa para Alvaro contém um verso que agrada ao suplente dele, o empresário Joel Malucelli. Eleito governador, Alvaro daria a Malucelli a chance de ser senador por quatro anos. Detalhe: Malucelli é sogro do deputado João Arruda, sobrinho de Requião. Atenção: nenhuma das partes envolvidas confirma ter ouvido ou dado atenção ao projeto político de Requião – mesmo porque só interessa a ele.

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