No dia 3 de agosto do ano passado, esta coluna informava que os acontecimentos de então prenunciavam que o lixo de Curitiba e da região metropolitana acabaria sendo depositado num aterro sanitário de propriedade da empresa Estre, no município de Fazenda Rio Grande. Passados oito meses, as coisas se encaminham exatamente para este resultado.
No apagar das luzes dos governos de Requião e de Beto Richa, o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) concedeu a Licença de Instalação desse novo aterro penúltima etapa do processo legal na área do meio ambiente para permitir o seu funcionamento. A concessão dessa licença, assinada no último dia 26, serve para confirmar os indícios que já naquela época davam sinais de vida.
Não é pouca a importância desse ato. Diante do fracasso (ou do atraso) da licitação conduzida pela prefeitura de Curitiba que visava a implantação do Sistema Integrado de Processamento e Aproveitamento de Resíduos de Curitiba (Sipar) e diante do fato de que o velho aterro do Caximba, administrado pela Cavo, terá de ser lacrado até o fim de outubro 17 municípios da região metropolitana precisavam urgentemente definir um local onde depositar as 2,5 mil toneladas de lixo diário que produzem. Agora estas cidades, pelo menos em tese, acabam de "resolver" este grave problema. Graças à previdente Estre e à anarquia (proposital?) da licitação do Sipar.
Há "maiores pormenores" que precisam ser levados em conta para se compreender a extensão e consequências do fato:
Com o atraso da concorrência, já não há mais tempo para implantar o Sipar até novembro.
A Estre, uma empresa com sede em São Paulo, não participou da licitação, mas enquanto o complicado processo se desenrolava, tratava de tocar o projeto do aterro em Fazenda Rio Grande aparentemente apostando, desde então, que a concorrência fracassaria.
Até outubro a Estre estará pronta para receber o lixo na exata medida das necessidades: 2,5 mil toneladas/dia, das quais 60% devem passar por procedimentos de reciclagem e compostagem.
Não havendo mais tempo hábil para qualquer outra providência, as prefeituras de Curitiba e dos outros municípios, declararão situação de emergência, o que lhes permitirá contratar os serviços da Estre sem licitação.
Sem licitação (isto é, não precisando competir com outras propostas), a Estre poderá cobrar o preço que quiser.
E assim fica tudo resolvido...
Olho vivo
Guiness 1
Qual é o maior restaurante do mundo? Segundo o Guiness livro editado anualmente para registrar marcas recordes informa que é o "Damascus Gate Restaurant", na Síria, com capacidade para 6 mil comensais. Em segundo, vem um restaurante chinês, para 5 mil. O Madalosso, de Santa Felicidade, aparece como o maior da América Latina, com capacidade para 4.640 refeições simultâneas. Mas não é que a propaganda de Beto Richa diz que no almoço de despedida dele, ontem, 10 mil eleitores estavam lá para comer polenta?
Guiness 2
Dá o que pensar. Quatro hipóteses vêm à mente: 1) 5.360 eleitores ficaram do lado de fora e ainda estão com fome; 2) o restaurante aumentou de tamanho e não avisou o Guiness; 3) houve erro de contagem dos presentes; 4) pode ter havido superfaturamento: a nota fiscal saiu com a conta de 10 mil quando, na verdade, só 4.640 comeram. Todas as alternativas podem estar incorretas mas sobra uma indagação: como acreditar no que disserem na campanha daqui pra frente?
Guiness 3
O governador Roberto Requião esperou até o penúltimo dia do seu governo para tomar uma medida que deveria ter anunciado há pelo menos três anos: a de denunciar o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, por ter-lhe proposto uma negociata. Requião foi ao Ministério Público Federal para pedir providências judiciais contra o ministro coisa que deveria ter feito numa tarde de sábado de 2007 quando, segundo ele, Bernardo lhe fez proposta indecente para superfaturar a construção de um ramal ferroviário. Poderia, até, naquele exato momento, chamado os cavalariços da granja para prender o ministro.
Atrasado
A tardia atitude de Requião (aliás, três semanas depois que o ministro ingressou com ações contra ele por danos morais) causa estranhezas. A primeira delas: o governador não teria cometido crime de responsabilidade por não denunciar Paulo Bernardo na mesma hora? Por que só agora, três anos depois, é que se dirige ao Ministério Público? Reação tão atrasada não demonstra que está agindo movido por mero oportunismo?
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