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A herança de Ducci

Na primeira conversa entre o prefeito eleito de Curitiba, Gustavo Fruet, com o presidente do Tribunal de Contas, Fernando Guimarães, foram levantados possíveis questionamentos quanto a quatro projetos deixados pelo prefeito Luciano Ducci: a construção do viaduto estaiado, ao custo de R$ 98 milhões; a implantação de dois estacionamentos subterrâneos (na Rodoferroviária e na Praça Rui Barbosa); radares; e licitação e implantação de indústria de processamento de lixo da região metropolitana. Sobre uns, diz-se que os preços são exagerados e podem ser renegociados; sobre outros, que problemas nas licitações precisam ser corrigidos. Esta coluna, na edição da última quinta-feira, deu detalhes sobre os questionamentos que pesam sobre cada um desses assuntos e que foram debatidos com Fruet no gabinete de Guimarães. A prefeitura contestou as informações publicadas e, em longa nota, explicou:

• Os custos do viaduto estaiado estão em conformidade com parâmetros oficiais e foram analisados pelos organismos financiadores (Caixa Econômica e PAC da Copa).

• As pendências judiciais que pesavam sobre a licitação dos radares estão superadas desde maio e a licitação entra agora em sua fase final.

• Sobre os estacionamentos subterrâneos, a prefeitura afirma que as projeções da rentabilidade que será auferida pelos concessionários foram calculadas pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas). E que desconhece a instauração de procedimento do Tribunal de Contas que envolva o assunto.

• A respeito do Sipar (Sistema Integrado de Processamento de Resíduos), a nota confirma que a licitação não foi ainda concluída em razão de um recurso impetrado contra a decisão do Tribunal de Contas que a suspendeu. Tal recurso ainda não foi julgado.

A nota de esclarecimento da prefeitura – um texto de quatro laudas – não chega a mencionar a expressão, mas, numa tradução livre e resumida, pretende passar a ideia de que Luciano Ducci não deixará para Gustavo Fruet nenhuma "herança maldita".

A atração de R$ 19 bilhões em investimentos privados no Paraná tem sido apresentada como um dos êxitos do governo Beto Richa. Diferentemente de seu antecessor, Roberto Requião – sempre acusado de maltratar potenciais investidores que procuravam o Paraná para se instalar –, a Richa concede-se o mérito de ter criado um ambiente amistoso e aberto para iniciativas empresariais. Além disso, criou também um programa de incentivos fiscais, o Paraná Competitivo, um afrodisíaco para seduzir capitais privados.

Mas é na comparação com o que outros estados conseguiram em matéria de investimentos que se pode dimensionar o tamanho do sucesso paranaense. E daí se chega à conclusão de que o estado perde em relação a outros que desenvolvem o mesmo esforço. O Rio Grande do Sul, por exemplo, que montou uma Sala do Investidor para atender e orientar interessados, principalmente estrangeiros, atingiu R$ 29 bilhões no mesmo período.

O Espírito Santo conseguiu proeza ainda maior: 43 bilhões de dólares (dólares, ressalte-se) em investimentos principalmente nos setores de infraestrutura, siderurgia, mineração, petróleo e gás. Minas Gerais, por sua vez, considerando apenas 12 projetos no formato de PPPs (parcerias público-privadas), fechou o mês de outubro passado em R$ 10 bilhões a serem aplicados nos próximos dois anos. Não foram contabilizados outros investimentos diretos, estimados, no entanto, no dobro dos representados pelas PPPs.

Governador colhe bons frutos na Ásia

O governador volta de países asiáticos com um protocolo de intenções que prevê a instalação de uma das maiores montadoras de automóveis da China, a Geely, a primeira na América Latina. O investimento previsto para colocar a fábrica em produção em 2014 é de US$ 1 bilhão, com previsão de criar 1.200 empregos diretos e meta de 60 mil carros por ano. Ficará perto do porto para facilitar as exportações do estado.

Na mala do governador também vem um acordo com o governo japonês visando à retomada das exportações de carne suína para aquele país. Após superadas duas exigências finais de caráter sanitário, as vendas serão logo reiniciadas. O Japão é o segundo importador mundial de carne suína (US$ 5 bilhões anuais).

O governador em questão chama-se Raimundo Colombo, de Santa Catarina, ainda em viagem à China e ao Japão (sem escala em Dubai) com um grupo de empresários. A Geely se instalará no Porto de Imbituba e será a terceira montadora catarinense. Em outubro, a montadora alemã de carros de luxo BMW já havia confimado sua opção por Santa Catarina, assim como, meses antes, fez a chinesa Sinotruk, que produzirá caminhões em Lajes. O Paraná esteve na disputa desses dois investimentos.

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