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O governador Beto Richa vive dias de tensão, só amainada, talvez pela meia volta ao mundo que começou na noite do dia 28 – quando as urnas do segundo turno já haviam consolidado os magros frutos que colheu nas eleições municipais. Na volta ao Palácio Iguaçu, nesta sexta-feira, deve se concentrar em providências de rearrumação do território político visando a recuperar o prestígio que lhe escapa pelos vãos dos dedos.

Durante a viagem, gozou da companhia do hábil deputado Alexandre Curi, do PMDB, amigo e conselheiro de todas as horas. E é possível que tenha se convencido sobre a necessidade de ampliar e aprofundar sua aliança com o PMDB, dando ao partido mais presença no governo. Com o PSDB politicamente esfacelado e com as alianças frágeis que firmou com outras siglas, ao governador restaria buscar entre os peemedebistas sustentáculo mais forte que outras legendas não lhe garantem.

Tudo, claro, com o objetivo de evitar o naufrágio antes da chegada do 2014 – o ano em que, candidato à reeleição, precisará estar com aprovação popular em alta e com estrutura política no interior que lhe compense Curitiba, a cidadela que perdeu para a oposição.

Richa sabe, no entanto, que apenas o estreitamento de sua aliança com o PMDB pode não lhe bastar. Faltam-lhe também obras para mostrar – matéria-prima que nem mesmo os setores de comunicação e propaganda do governo estão encontrando para delinear estratégias convincentes para promover a recuperação da imagem do governador.

Internamente, já se deu nome inspirado na literatura francesa à operação que Richa pretende empreender: À la recherche du temps perdu, Em Busca do Tempo Perdido, de Marcel Proust.

Olho vivo

Investiga 1

A Promotoria de Defesa do Patrimônio Público do Ministério Público Estadual está agilizando os procedimentos para averiguar a lisura dos processos de licenciamento para a instalação de pequenas geradoras hidrelétricas no Paraná. A investigação foi solicitada pelo secretário do Meio Ambiente, Jonel Iurk, no último dia 18 de outubro, após denúncias de que licenças concedidas pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP, órgão vinculado à sua secretaria) beneficiariam empreendimentos da família de Iurk.

Investiga 2

Um dos projetos licenciados prevê a implantação de uma CGH (Central Geradora Hidrelétrica) numa propriedade da família em Guarapuava. De outros projetos em fase de obtenção de licenças consta a participação de empresas de engenharia de cuja composição societária aparecem nomes de filhos do secretário Jonel Iurk e de servidores do IAP. Em notas oficiais, o secretário atesta que não houve favorecimentos, mas para que tudo se esclareça achou por bem pedir ao Ministério Público que investigue o caso e se pronuncie sobre a legalidade dos atos colocados sob suspeita. O MP ainda está na fase de colher depoimentos, dentre os quais o do próprio secretário.

Heliponto 1

Um detalhe ainda não mencionado entre as características do hotel 5 estrelas que a Procuradoria Geral do Estado (PGE) pretende comprar: no topo do edifício há um heliponto – pequena "pista" para pouso e decolagem de helicópteros. É uma das poucas estruturas do tipo existentes em Curitiba, cuja utilidade cresce no momento em que o governo anuncia também a compra de um novo helicóptero, por R$ 13,6 milhões, com licitação marcada para 5 de dezembro.

Heliponto 2

Embora a PGE ainda não tenha anunciado a desistência da compra do prédio onde hoje funciona o Crowne Plaza Hotel, no centro de Curitiba, internamente já se considera a possibilidade de suspender as negociações. Para a decisão final, aguarda-se apenas a volta do governador Beto Richa de sua viagem ao exterior, no dia 9. Enquanto isso, a orientação na PGE é a de conter os "vazamentos" de informações a respeito do assunto.

Desistência

O prefeito Luciano Ducci desistiu da ação que movia contra a revista Veja em razão de uma reportagem publicada em junho que estranhava a evolução de seu patrimônio. Durante a campanha, Ducci recorreu à Justiça Eleitoral (sem sucesso) para que a reportagem não fosse reproduzida em folhetos pelos adversários, mas só cinco dias antes do primeiro turno é que procurou a Justiça comum para processar a revista, mas lhe foi negada a liminar. No dia 8 de outubro, no entanto, apenas um dia após o resultado adverso da eleição, ao invés de recorrer, os advogados de Ducci comunicaram a desistência da ação.

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