Olho vivo

Premiada 1

Deputado não pode ser preso, pois goza de imunidade. Mas diretores não contam com esta regalia constitucional e podem parar atrás das grades se derem motivo. Um exemplo de motivo suficiente para provocar voz de prisão é não prestar informações solicitadas por autoridades policiais ou criar outros embaraços para as investigações.

Premiada 2

É este perigo que correm os diretores da Assembleia Legislativa, segundo revelam à coluna fontes da Polícia Federal. Como se sabe, a PF instaurou inquérito para desvendar as suspeitas de que crimes de competência federal – sonegação de impostos, por exemplo – faziam parte da rede de corrupção e desvios funcionais denunciados pela série "Diários secretos" da Gazeta do Povo e da RPC TV.

Premiada 3

Os policiais estão de antenas ligadas para, na primeira oportunidade, caracterizar um motivo para levá-la a estacionar um camburão na frente da Assembleia e conduzir um ou vários diretores para prestar esclarecimentos em sua sede no bairro da Santa Cândida. Quem sabe, um deles até aceite oferta de servir-se do instituto da "delação premiada" para revelar com mais pressa e precisão o que a polícia precisa saber.

Direto da ilha 1

As preocupações do ex-governador Roberto Requião com privatizações no Paraná voltam-se agora à ilha de Fernando de Noronha. Ele acha que o governo Lula está prestes a entregar aquele paradisíaco território para mãos particulares. Seu protesto ficou registrado em mensagem que postou no seu Twitter na manhã de ontem, poucas horas após ter desembarcado lá de um jatinho amigo. "Governo pretende privatizar a ilha de Fernando de Noronha. Não acho nenhuma graça", escreveu.

Direto da ilha 2

Mas nem só de preocupações vive Requião na ilha que um dia já foi prisão de governadores. Miguel Arraes, de Pernambuco, foi mandado pra lá pelos militares de 1964. Esquecido disso, em outro post ele se desmancha: "Muito sol, dia lindo em Fernando de Noronha. Ainda ilha pública." E acaba revelando também uma insuspeitada habilidade atlética: "Vamos agora ao mergulho, indispensável a quem vem a Fernando de Noronha."

CARREGANDO :)

Beto Richa agora "está por cima da carne seca", como diz a plebe rude. Dando continuidade à campanha iniciada ainda quando exercia o cargo de prefeito de Curitiba, multiplica-se em visitas ao interior, faz contatos com "as bases" e, nos bastidores, negocia adesões. Mantém a prêmio a cabeça do deputado Gustavo Fruet, que há meses anunciou sua decisão de candidatar-se a senador pelo PSDB.Não se viu palavra firme de Richa em apoio à pretensão do parlamentar, o mais votado do Paraná nas últimas eleições para a Câmara Federal, com mais de 210 mil votos. Abrir-lhe a vaga em sua chapa significa fechá-la para outros pretendentes à cadeira no Senado. Por exemplo: o preço para trazer o PP para a sua aliança é dar a vaga de candidato ao presidente estadual desse partido, deputado Ricardo Barros. E lá vai a cabeça de Fruet na bandeja.

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Pior ainda que esta "solução" é outra tentação que os conselheiros do ex-prefeito lhe apresentam insistentemente: seria melhor para o PSDB não lançar nenhum candidato a senador. Com isso, deixando caminho aberto para Requião concorrer leve, livre e solto, seria possível obter o apoio, ainda que informal, do poderoso e bem organizado PMDB.

Richa tem tempo para resolver esse problema. Conta com as dificuldades que, do outro lado, vem enfrentando seu principal adversário, o senador Osmar Dias, que precisa reiniciar a rearrumação da própria casa desde que foram rompidas as negociações de montar sua chapa em aliança com o PT. Aliás, o impasse que levou ao rompimento foi exatamente a candidatura ao Senado.

Osmar também queria que a petista Gleisi Hoffmann fosse sua vice para deixar livre uma vaga de candidato ao Senado. Com a qual também negociaria a adesão do PP pagando o mesmo preço – isto é, adotando o deputado Ricardo Barros como seu candidato preferencial a senador.

Muito embora em nível estadual considerem-se esgotadas as possibilidades de retomar as conversas com o PT, Osmar Dias mantém a disposição de falar com o próprio presidente Lula. "Foi com Lula e a convite dele que comecei a tratar da aliança com o PT e será com o presidente que eu terminarei", afirma. Se não for possível fazer o casamento, no mínimo para ouvir uma resposta oficial e definitiva de que o noivado de um ano foi mesmo desfeito.