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Olho vivo

Investiga 1

No dia 18 de junho o prefeito Luciano Ducci teve pressa em pedir ao Ministério Público Estadual que examinasse suas declarações de bens e rendas. Seu objetivo era o de estancar com rapidez a onda de desconfianças quanto a suposto enriquecimento ilícito denunciado, no dia anterior, pela revista Veja. O MP prometeu se pronunciar em 30 dias. Mas, passados já quase três meses, não se tem notícia sobre o encaminhamento que o assunto tomou internamente. No entanto, já se sabe que o Ministério Público Federal deu um passo importante.

Investiga 2

É o que informa o advogado Cal Garcia que, em nome do vereador Paulo Salamuni e da bancada de oposição na Câmara de Vereadores, requereu à Procuradoria-Geral da República que requisitasse investigação das denúncias pela Receita Federal. Anteontem veio a confirmação: o procurador federal Agenlo Silva determinou à Receita que informasse sobre a regularidade da situação fiscal do prefeito e de sua mulher, Marry Ducci. Segundo a denúncia da revista Veja, o patrimônio do casal aumentou em 30 vezes nos últimos quatro anos.

Funcionários da Sanepar promoveram um "abraço" aos edifícios-sede da companhia, ontem, em todo o estado. A manifestação foi em protesto aos que criticam "esta instituição que está presente na vida dos paranaenses desde a primeira mamadeira, que deve ser preparada com água tratada", como diz uma das notas distribuídas durante o "abraço". Outra nota repudia a "forma truculenta e desnecessária com que a empresa e seus empregados foram tratados" pela Polícia Federal e pelo Ibama, que deflagraram a Operação Água Grande.

Compreende-se a revolta dos empregados, que não entendem porque humildes funcionários foram presos e indiciados como responsáveis por maus serviços prestados pela companhia. De fato, como trabalham sob supervisão e recebendo ordens superiores, as medidas punitivas, quem sabe, devessem ter como alvos os dirigentes da Sanepar e não os simples trabalhadores.

Se as autoridades policiais e ambientais erraram o alvo, a defesa empreendida pelos empregados também perdeu a mira: eles asseguram que a Sanepar deve ser respeitada porque a água que fornece à população é bem tratada. Entretanto, não foi esse o motivo da operação. Foi a poluição do Iguaçu que a companhia causa ao lançar esgoto sem tratamento nas águas do maior e mais importante rio do Paraná.

Logo, como espirituosamente disse ontem cedo o jornalista Luiz Geraldo Mazza, em comentário na rádio CBN, melhor que o abraço aos edifícios para provar seu amor à companhia e defender sua eficiência seria se os empregados se encorajassem a mergulhar no Rio Iguaçu bem na saí­­da da Estação de Tratamento do Belém, a ETE-Sul.

Segundo o que afirmam o Ibama e a Polícia Federal, 40% do esgoto que chega a essa estação não são tratados – são lançados in natura no rio. A Sanepar rebate e afirma que a ETE funciona de acordo com os parâmetros da legislação ambiental. E mais: que desde 2006, a empresa já investiu R$ 21 milhões na modernização da estação e que outros R$ 100 milhões serão aplicados nos próximos anos.

Há um dado a que a Sanepar não se refere: o aumento de 35% das tarifas decretado no ano passado pelo governo (cuja legalidade é questionada) já rendeu à companhia, somente em Curitiba, uma arrecadação suplementar de R$ 150 milhões nos últimos 20 meses – sete vezes mais do que o empregado na manutenção da estação de tratamento em seis anos.

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