Não conhece, não viu, não pediu e não pediria. A sucessão de quatro “nãos” é de autoria do ex-senador Osmar Dias, cujo nome apareceu na “lista de Fachin” por, supostamente, ter acertado com o ex-presidente da Odebrecht Ambiental, Luiz Aires da Cunha, contribuição não registrada de R$ 500 mil reais durante a campanha de governador de 2010.
Osmar afirma que não conhece, nunca viu o delator, não teve qualquer contato, não pediu valores a ele. Na colaboração premiada, o delator cita também o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, como interlocutor para a obtenção do repasse.
Lupi é velho conhecido nos registros de maracutaias durante os governos Lula e Dilma, dos quais era aliado. Chegou a ser ministro do Trabalho, mas foi enxotado do cargo na faxina que Dilma fez no ministério já no início de seu primeiro governo, em 2011. O pudor (ou a falta dele) não o impediu de, no auge do próprio descrédito público, ter protagonizado a cena patética de beijar a mão da “presidenta” e de declarar-lhe amor.
Dada a fama de Lupi, a delação do executivo da Odebrecht ganha credibilidade. Não seria espantoso, portanto, que o presidente do PDT, que aparece em outras citações de recebimento de propina, ter de fato pedido recursos escusos para a empreiteira e até usado o nome de Osmar. Osmar suspeitou disso e, já na madrugada desta quarta-feira (12), acordou Lupi para cobrar-lhe explicações. À tarde, Lupi divulgou nota de esclarecimento assumindo a responsabilidade e isentando Osmar de participar ou de ter autorizado “intermediações de recursos com qualquer empresa que não fosse de forma legal”, assinou o presidente do partido.
Se a inclusão do nome do ex-senador vai afetar sua campanha ao governo estadual em 2018, Osmar ainda não sabe responder, mas assegura que vai continuar percorrendo o estado “com a cabeça erguida”. Contratou advogado e espera que seu nome seja retirado da petição que o ministro Edson Fachin endereçou à Justiça Federal de Brasília para que ela julgue se deve ou não abrir inquérito ou arquivar a denúncia.
Devo...
O senador Roberto Requião foi condenado a pagar indenização por dano moral ao ex-governador Jaime Lerner no valor de R$ 75.420. A sentença saiu em novembro de 2015, mas até agora Requião não cumpriu voluntariamente a decisão judicial.
...não nego...
Diante disso, o advogado de Lerner, Cid Campêlo, conseguiu na Justiça o sequestro de valores depositados em contas bancárias do senador. Foram encontrados quase R$ 110.000,00 nos bancos do Brasil e Itaú e que deveriam ser transferidos – na parcela correspondente à dívida – para a conta de Jaime Lerner.
...não pago
Foi a hora, então, de o advogado de Requião, Guilherme Gonçalves, argumentar em petição judicial que, por se tratarem da soma de recursos oriundos da aposentadoria do ex-governador, não poderiam sofrer bloqueio. O advogado junta o contra-cheque da aposentadoria referente a março passado, com valor líquido de R$ 23.485,00. A pendenga não vai parar enquanto Requião não pagar.
Zelador
Uma das “novidades” introduzidas pelo prefeito Rafael Greca foi a criação do cargo de “zelador da cidade” – um cidadão comum que seria encarregado permanentemente de apontar problemas na cidade e pedir soluções. Mato grande, calçada com defeito, semáforo apagado, buraco na rua – o zelador deveria ficar de olho em tudo isso e, querendo, podia se dirigir diretamente ao prefeito. Ninguém mais ouviu falar do zelador, a não ser pela presença do nome dele no listão de 403 comissionados nomeados por Greca. O salário dele é de R$ 9.957,78 e corre por conta do orçamento da secretaria municipal do Meio Ambiente.
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