Para que lado se moverá o eleitorado curitibano quando se definir a dupla que disputará o segundo turno da eleição para prefeito de Curitiba? Para o lado de Rafael Greca (PMN) ou para o de Gustavo Fruet (PDT), até o momento os mais prováveis vencedores no primeiro turno?
Embora não se descarte a hipótese de que a sucessão já se defina no primeiro turno em favor de Greca, e embora também, a essa altura, tudo não passe de um jogo de adivinhação, as perguntas permanecem pertinentes. É que a experiência tem demonstrado que o mais votado no primeiro turno não necessariamente sairá vencedor no segundo. Isto se deve à migração – para um lado ou outro – do eleitorado que votou nos perdedores.
A eleição de 2012 é um caso típico: Ratinho Jr. ganhou com folga o primeiro turno, mas foi atropelado no segundo por Fruet, que herdou quase toda a votação dos perdedores. Ratinho ficou com os mesmos 40% que já havia obtido, mas Fruet subiu de 27% para 60% no confronto direto.
Se levarmos em conta a última pesquisa Ibope/RPC (*), de 23 de agosto, a “força” dos perdedores mais expressivos era ainda considerável: Requião Filho (PMDB), Ney Leprevost (PSD), Maria Victoria (PP) e Tadeu Veneri (PT) somavam 28% – índice suficiente para mudar qualquer cenário se a distância entre o favorito e seu concorrente for menor.
Assim, supondo não ter havido variação muito significativa de três semanas para cá – pelo menos na ordem das candidaturas –, é lícito perguntar para quem migrarão, no segundo turno, os votos dos perdedores. Se se dividirem de modo igual, Greca estará consagrado, mas também não é improvável que se repita a inversão que beneficiou Fruet em 2012. Uma incógnita a ser resolvida em 2 de outubro.
Grande vencedor
Pouca gente está prestando atenção num fato que também se situa no reino das incógnitas: a eventual vitória de Greca significará uma inusitada e até agora impensável vitória de Beto Richa. Esta possibilidade não passou despercebida, contudo, para Murilo Hidalgo, dono da Paraná Pesquisas. Para ele, a eleição de Greca soará como um bom refresco para a desgastada biografia do governador.
É tudo quanto não quer Fruet, que elegeu Richa como seu maior adversário, mas não convenceu o povo de que o apoio do governador tem potencial para tirar de Greca os votos que lhe faltam para ganhar já no primeiro turno.
O senador Alvaro Dias desde que saiu do PSDB para aderir ao PV pode até estar um tanto desaparecido do Jornal Nacional – televisivo que, dia sim e outro também, o entrevistava. O que não significa que tenha abandonado o projeto presidencial de 2018 como representante da crescente “terceira via” desejada por muitos eleitores, cansados do maniqueísmo tucano-petista. Só neste fim de semana Alvaro percorre nada menos de 30 cidades do interior de São Paulo e Minas. Mas se perguntarem a ele se isto já é campanha, ele nega.
Já começou a tramitar numa das Varas da Fazenda Pública de Curitiba a Ação Popular 315586017 em que o secretário municipal de Governo, Ricardo Mac Donald, pede a suspensão da aposentadoria de Rafael Greca e a devolução dos valores recebidos desde janeiro de 2016, de R$ 12.600,00 por mês. A ação alega irregularidade na concessão do benefício pois contou como tempo de serviço o longo período em que Greca foi colocado pelo ex-prefeito Luciano Ducci à disposição de Renan Calheiros, presidente do Senado, sem comprovação de frequência e recebendo salários da prefeitura.
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