Roberto Requião já sabe o que fará da vida nos estertores do seu mandato de senador: será candidato a governador do Paraná em 2018. Quem garante é seu sobrinho, o deputado João Arruda, um dos vice-presidentes nacionais do PMDB, que endereçou e-mail para afirmar serem “infundadas e inverídicas as notas publicadas” pela coluna na última quinta-feira (5).
Para quem não leu ou não se lembra, naquele dia foram replicadas informações correntes nos meios políticos segundo as quais Requião estaria procurando engendrar uma aliança que lhe garantisse a reeleição para o Senado. Segundo fontes próximas, a ideia consistia na desistência do senador Alvaro Dias (PV) de se candidatar à Presidência. Em vez disso, disputaria o governo estadual tendo como companheiros da chapa majoritária Osmar Dias (PDT) e Requião (PMDB).
Seria um trio invencível, que apresentaria vantagens adicionais: decretaria a derrota de Beto Richa (também pretendente ao Senado) e abriria a possibilidade de o suplente de Alvaro, o empresário Joel Malucelli, cumprir os quatro anos finais do mandato de senador.
Outras fontes asseguram que a proposta chegou aos ouvidos dos irmãos Alvaro e Osmar, mas informalmente. Desde logo teriam preferido abortar a pretensão de Requião e não ceder espaço para discussões.
Segundo Arruda, se Requião quisesse mesmo manter a cadeira de senador, melhor seria a candidatura de Osmar ao governo, com quem poderia formar chapa. “Até mesmo porque – ressalta – já foram companheiros nas eleições de 2010 e também porque mantêm um relacionamento político amistoso e republicano”. Acrescenta: “não existem negócios ocultos, arquitetados nos bastidores. Estamos vivendo um bom momento político, no qual o diálogo entre todos é transparente”.
E mais diz o deputado João Arruda: “O PMDB lançará candidatura própria nas eleições de 2018 e terá Requião como o seu candidato ao governo do estado. Aliás, ele está bem em todas as pesquisas publicadas pela própria Gazeta do Povo”.
Abrem-se outras aspas para João Arruda: “é fato que sou genro do Joel Malucelli, mas desconheço qualquer projeto dele de vir a ser senador em 2018 apoiando a candidatura de Alvaro Dias”.
Pelo sim, pelo não, grupos adversários que lutam para apear Requião da presidência estadual do PMDB entraram no debate. Em nota, o ex-governador Orlando Pessuti – um dos líderes da dissidência – afirmou que Alvaro e Osmar não vão aceitar o “abraço dos afogados”. Os dois podem participar do campo de alianças do PMDB para 2018, mas “sem Requião puxando todo mundo para baixo”, disse Pessuti.
Missivistas 1
Os vereadores de Curitiba adoram escrever cartas, um hábito muito comum até fins do século passado quando a internet quase nem existia. Depois, com a popularização da rede mundial, ficou mais fácil, barato e rápido mandar e-mails – algo que também já beira à obsolescência em razão da instantaneidade e dos recursos oferecidos por aplicativos do gênero Whatsapp. Os vereadores de Curitiba, porém, continuam no século passado.
Missivistas 2
Dos 38 vereadores, 31 têm direito a uma “cota” de 3 mil selos por mês, ao custo unitário de R$ 1,50. Ou seja, cada um gasta R$ 4,5 mil por mês em correspondência com os eleitores. Os sete membros da cúpula têm privilégio maior: eles recebem 4 mil selos mensais (R$ 6 mil). Multiplique-se tudo por 12 meses e se verá que o contribuinte curitibano gasta R$ 2,178 milhões para manter o hábito dos vereadores de selar sua correspondência.
Missivistas 3
O novo presidente da Câmara, vereador Serginho do Posto (PSDB), quer acabar com esse exagero. Pretende seguir a linha do “arrocho” inaugurada pelos ex-presidentes Paulo Salamuni e Ailton Araújo. Claro, assim como seus antecessores, já enfrenta resistências.