Olho vivo
Intestina
Está longe ainda o dia em que os partidos devem realizar convenções para decidir se lançam candidato próprio ou se apoiam um de outro partido. Mas o PTB já decidiu: vai trabalhar pela reeleição do prefeito Luciano Ducci. A reafirmação foi feita ontem pelo presidente estadual petebista, deputado Alex Canziani, em resposta ao deputado Fabio Camargo, que pretende concorrer ao cargo no ano que vem. "Ele terá de procurar outro partido se quiser ser candidato", trovejou Canziani. A briga intestina no PTB vai longe: Camargo informa que recorrerá ao TRE contra a definição antecipada da legenda.
Serviços
Outro partido que já se decidiu pelo apoio a Luciano Ducci é o minúsculo PRP, que em campanhas anteriores figurou nas alianças de Beto Richa. O PRP agrega apenas oito segundos na propaganda eleitoral gratuita, mas pode contribuir como fez no passado servindo como autor de medidas judiciais contra adversários, jornais e jornalistas em nome da aliança.
E o vice?
Longe de Curitiba por mais de uma semana (viajou à França para assinar contratos de financiamento), o prefeito Luciano Ducci reassumiu ontem o cargo ocupado interinamente, neste período, pelo vereador João Cláudio Derosso. Derosso se considerava cotado para ser o vice na chapa de reeleição do prefeito, mas na primeira entrevista após a volta, Ducci afirmou que esta decisão só será tomada após a definição da aliança partidária.
Eu sou normal
Parecer da advocacia do Senado considerou normais e não ofensivas ao decoro parlamentar as atitudes do senador Roberto Requião que, em abril, tomou o gravador e perguntou ao repórter que pretendia entrevistá-lo se ele queria apanhar. O jornalista queria ouvir Requião sobre a decisão do governo paranaense de cassar-lhe a aposentadoria de ex-governador. No dia seguinte, o senador devolveu o gravador alheio, mas sem o chip que continha a frustrada entrevista. O sindicato dos jornalistas do Distrito Federal havia formulado queixa ao presidente do Senado, José Sarney, que pediu o parecer aos advogados da Casa.
"Follow the money", sigam o dinheiro, recomendou o Garganta Profunda aos jornalistas do Washington Post Bob Woodward e Carl Bernstein quando investigavam o caso Watergate. Conselho meticulosamente aceito, os dois jornalistas entraram logo depois para a história como autores das reportagens que levaram à renúncia do presidente Richard Nixon, em 1974.
Tem mais ou menos este sentido o requerimento que o deputado Rubens Bueno, presidente estadual do PPS, protocolou ontem na Câmara Municipal: ele requisita informações sobre o rumo que tomaram os cerca de R$ 33 milhões faturados pelas agências Visão e Oficina da Notícia ao longo dos últimos cinco anos. Como simples intermediárias das verbas de propaganda serviço pelo qual receberiam 10% de comissão , as duas empresas repassaram a maior parte do dinheiro que receberam para... para quem?
Esta é a pergunta que não quer calar. O deputado, então, decidiu obedecer fielmente ao método recomendado pelo Garganta Profunda a fonte de Woodward e Bernstein que se manteve incógnita ao longo de toda a apuração do caso Watergate. Só em 2005, já próximo da morte, é que o Garganta revelou ao mundo a sua identidade e a autoria das informações: Mark Felt, um ex-agente do FBI.
Bueno não quer intermediários na investigação e endereçou o pedido diretamente ao vereador João Derosso, informando-o que vai esperar o prazo regimental de dez dias para obter as respostas. Em seguida quer obtenha ou não os esclarecimentos que requereu estudará impetrar uma ação popular ou propor ao Ministério Público que ingresse na Justiça com uma ação civil pública.
Em seu requerimento, ele pede que Derosso junte cópias de todas as notas fiscais emitidas pelas duas agências, assim como as dos fornecedores dos serviços que elas contrataram sob orientação da Câmara.
Esta é a segunda tentativa que se faz para a obtenção desses esclarecimentos. Na semana passada, a vereadora Josete Silva já havia encaminhado requerimento quase no mesmo sentido mas sem sucesso, mesmo sendo ela membro da Comissão de Ética e Decoro Parlamentar. A alegação é de que um pedido dessa natureza precisaria passar, antes, pela aprovação do plenário (que Derosso controla). A Câmara está em recesso; volta na semana que vem.
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