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Nos corredores

Desparanização

Pouquíssimos parlamentares paranaenses foram vistos na cerimônia de posse da presidente Dilma Rousseff, no Congresso Nacional. Entre os presentes, a senadora Gleisi Hoffmann (PT) e os deputados federais André Zacharow (PMDB) e Dr. Rosinha (PT). Os dois últimos não integram mais a bancada que vai assumir em fevereiro.

Paulo Bernardo

Gleisi esteve acompanhada do marido, Paulo Bernardo. Após nove anos consecutivos como ministro do Planejamento e das Comunicações, ele está fora do novo primeiro escalão de Dilma. Segundo Gleisi, vai tirar 35 dias de férias antes de decidir o que vai fazer no futuro.

Aproximação?

Gleisi criticou o fato de Beto Richa ter marcado a cerimônia de posse para o mesmo horário que Dilma. "Se ele quer mesmo a aproximação com o governo federal que tanto fala, deveria ter começado vindo aqui para Brasília", disse a petista.

A reeleição causou um efeito curioso no destino dos governadores do Paraná. Desde 1998, todo ocupante do Palácio Iguaçu que tentou um novo mandato conseguiu. Ao final do ciclo de oito anos, no entanto, se desgastaram tanto que não conseguiram fazer o sucessor.

Jaime Lerner (PDT/PFL) estava tão em baixa no final da gestão que praticamente se ausentou da campanha de 2002. O candidato apoiado por ele, o hoje governador Beto Richa (PSDB), ainda era um jovem e quase inexpressivo vice-prefeito de Curitiba. Não conseguiu nem chegar ao segundo turno.

Roberto Requião (PMDB) se arrastava em 2010. Quase conseguiu a proeza de não se eleger para o Senado – teve 500 mil votos a menos que Gleisi Hoffmann (PT) e superou Gustavo Fruet (então no PSDB) por uma diferença apertadíssima de 1,7 ponto porcentual. O candidato a governador apoiado por ele, Osmar Dias (PDT), perdeu no primeiro turno para Richa.

Em São Paulo, estado que serve de modelo político para os paranaenses (de uma forma infantil, por sinal), todos os candidatos de situação se deram bem no mesmo período. Na disputa pelo governo federal, os tucanos não conseguiram emplacar o substituto de Fernando Henrique Cardoso, em 2012, mas teremos 16 anos consecutivos do PT no poder.

Fazer o sucessor, seja no Paraná ou no Maranhão, depende diretamente da qualidade do trabalho do governante de plantão. A reeleição até pode funcionar como uma segunda chance, mas as terceiras chances seguem uma lógica muito menos misericordiosa. Richa terá uma tarefa árdua se quiser ter peso na manutenção do seu grupo político em 2018.

O maior abacaxi é o descontrole das contas públicas, que recebeu como legado da própria primeira gestão. O conjunto de decretos assinados logo no dia da posse são o atestado dos erros dos últimos quatro anos. Dois deles são claríssimos nesse sentido: o que prevê a reavaliação das licitações e contratos do governo e o que condiciona os gastos de todas as secretarias à Fazenda.

Se é preciso reavaliar as licitações e impor um "tutor" para as despesas em geral (no caso, o novo e importado secretário da Fazenda, Mauro Ricardo Costa) é porque se admite que há problemas herdados da primeira gestão. Justamente o contrário do que Richa falava na campanha. Em sabatina feita pela Gazeta do Povo, em setembro, ele garantiu que "a máquina estava em ordem e azeitada" e que por isso o novo mandato não demandaria grandes mudanças administrativas.

Assim como no caso da presidente Dilma Rousseff (que venceu a eleição com um discurso, mas que implementa uma reestruturação econômica radicalmente contrária), as primeiras ações de Richa têm o lado bom de serem no fundo um mea culpa. Começar do zero, no caso paranaense, não deixa de ser uma nova forma de tentar evitar a maldição do sucessor.

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