Nos corredores
"Eu cassaria"
Suplente de André Vargas na Câmara dos Deputados, Marcelo Almeida (PMDB) disse que, se fosse titular, se juntaria aos votos dos 359 parlamentares que aprovaram a perda de mandato do ex-petista. Dos 25 paranaenses presentes à sessão da semana passada, só Nelson Meurer (PP) se propôs a ajudar Vargas. Meurer se absteve.
Só sobrou o orçamento
A cassação de Vargas deu a Almeida 50 dias de mandato, sendo 31 deles durante o recesso de janeiro. Ainda assim, ele vai participar da votação da lei orçamentária de 2015, nesta semana. O peemedebista disse que não vai mexer nas emendas apresentadas por Vargas.
Do começo ao fim
Dois deputados paranaenses votaram pela cassação de Vargas tanto no Conselho de Ética quanto no plenário Rosane Ferreira (PV) e Rubens Bueno (PPS). Sem Bueno, nomeado de última hora para o conselho, a votação que ocorreu em agosto não teria acontecido, por falta de quórum.
Dezembro tem sido o mês do "aço" para o Paraná. Do tarifaço proposto por Beto Richa (PSDB) ao tratoraço para a aprovação das medidas na Assembleia. Foi tudo tão rápido que a maioria das pessoas nem se deu conta do problemaço armado para 2015.
Estimativas do Departamento Econômico da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) apontam que o aumento do ICMS e do IPVA vai ceifar da renda dos paranaenses cerca de R$ 1,6 bilhão ao ano. São recursos que, na avaliação técnica da entidade, tiram "das pessoas, das famílias e das empresas capacidade de consumir, de poupar e de investir". Não para por aí.
Se por um lado o cidadão terá menos dinheiro no bolso, por outro os empresários vão repassar os custos das novas alíquotas para os preços finais dos produtos e serviços. Tudo indica que haverá mais inflação. Trocando em miúdos (bem miúdos), você terá menos dinheiro no bolso porque pagou mais IPVA e ainda será forçado a gastar mais para comprar até 95 mil itens de consumo popular sujeitos ao aumento de ICMS.
Talvez as propostas fossem plausíveis em um cenário de caos econômico, que tivesse levado a arrecadação para o fundo do poço. Não é o que se vê no Paraná. Do começo da gestão Richa até abril deste ano, a receita corrente líquida do estado cresceu 56% a maior porcentagem de aumento dentre todas as unidades da federação.
Já a previsão para a arrecadação de ICMS em 2014, sem alterações na alíquota, é nada mais nada menos que 69% superior à de 2010, último ano do governo Requião/Pessuti. Em quatro anos, a soma da receita anual de IPVA e ICMS saltou de R$ 15,15 bilhões para R$ 25,37 bilhões. Para onde foram os R$ 10 bilhões excedentes?
Considerando que 27% foram comidos pela inflação, sobram R$ 7,3 bilhões. Ainda assim, insuficientes para fechar as contas do estado, que busca outro R$ 1,6 bilhão. Para onde foi o dinheiro excedente?
É difícil de mapear claramente pelas ferramentas públicas de execução orçamentária. O que é 100% certo é que os recursos foram tragados pelas engrenagens da máquina pública. Parece inegável que faltou eficiência à gestão para dosar o crescimento das receitas aos dos gastos, em especial com o funcionalismo.
Outra comparação da Fiep chama a atenção. Entre 2011 e 2013, o PIB paranaense cresceu 12,53% (o dobro do pibinho nacional). No mesmo período, o ICMS subiu 25,25%, ou seja, também duas vezes mais rápido que o crescimento da economia paranaense.
Os números comprovam que o governo estadual (assim como o federal) se acostumou a arrecadar muito e a gastar em uma proporção ainda maior, numa escalada que parece não ter fim. Até faria sentido se se percebesse que a ampliação de receitas transformou o estado em um canteiro de obras ou que os serviços públicos caminham para um nível de excelência.
A propósito, mesmo com o tarifaço, a previsão do governo estadual para investimentos no ano que vem foi reduzida de R$ 2,9 bilhões para R$ 2 bilhões. Serão menos obras públicas em um orçamento total que cresceu em R$ 5,4 bilhões em relação ao de 2014. O resultado de toda essa equação é que o pior ainda está por vir.
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