Nos corredores
PRTB e Ratinho
Após costurar um acordo com o PR e iniciar as conversas com o PCdoB, o deputado federal Ratinho Júnior (PSC) procura atrair o PRTB para sua candidatura à prefeitura de Curitiba em 2012. A legenda provocou a maior polêmica das eleições de 2008 na capital. Oficialmente, o partido apoiou o PTB de Fabio Camargo. Grande parte dos filiados, no entanto, debandou para o lado de Beto Richa (PSDB), sob suspeitas de formação de um comitê, o "Lealdade", com dinheiro de caixa 2.
Arruda na faxina
O deputado paranaense João Arruda (PMDB) foi escolhido nesta semana presidente da Comissão Especial de Atos contra a Administração Pública. O órgão vai discutir um projeto de lei do Poder Executivo que trata da responsabilização de pessoas jurídicas nesse tipo de delito. A proposta é acompanhada de perto pelo Palácio do Planalto. Ela faz parte de uma agenda positiva do governo no combate à corrupção.
Consulta ao TSE
De mudança para o PSD, o deputado Reinhold Stephanes (PMDB) resolveu tomar uma última precaução: fez uma consulta ao Tribunal Superior Eleitoral para saber quais documentos são necessários para comprovar que um político participou da fundação da nova legenda. O processo já foi distribuído para o ministro Marco Aurélio Mello, mas tem pouca chance de ser julgado até o dia 27 de outubro, quando acaba o prazo de filiação.
Amanhã, Gleisi Hoffmann completa cinco meses como ministra da Casa Civil. É o mesmo espaço de tempo que Antonio Palocci permaneceu no cargo. Há muitas diferenças entre as duas fases.
Palocci trouxe ao governo uma bagagem enorme. Em algumas malas, carregava a experiência como ministro da Fazenda, a facilidade de diálogo com o empresariado. Noutras, havia lembranças encardidas da República de Ribeirão e dúvidas sobre como aumentou o patrimônio 20 vezes em 4 anos.
Gleisi desembarcou no Palácio do Planalto com bem menos valises. Não era uma estrela da política nacional como o antecessor. Tampouco tinha fantasmas do passado escondidos no armário.
A paranaense não era necessariamente, porém, uma figura palatável no pesado jogo do núcleo do poder. Era descrita como um "trator" pela oposição e ao mesmo tempo causava estranheza por ser loira, jovem e com voz de menina. Levou tempo (talvez ainda insuficiente) para o ambiente político digerir a nova ministra.
Claro que os ares de novidade não passaram em branco. Todos os jornais foram atrás do passado de Gleisi. O primeiro furo foi a história de que ela havia recebido R$ 41 mil de multa do FGTS quando deixou Itaipu Binacional por decisão própria para concorrer ao Senado pela primeira vez, em 2006.
O diretor da empresa, Jorge Samek, chamou a responsabilidade e isentou a colega. A oposição fez barulho, recorreu à Procuradoria-Geral da República, mas o assunto aos poucos esfriou. Depois, houve a denúncia da revista Época de que ela e Paulo Bernardo teriam utilizado o avião de uma empreiteira maringaense durante a campanha do ano passado. Como não apareceram provas concretas, apenas depoimentos de parlamentares que não quiseram se identificar, o tema também não prosperou.
Ao final das contas, foram turbulências leves. Mas ainda havia a questão do trabalho em si. Gleisi estava preparada para assumir a coordenação de 38 ministérios?
Na dúvida, o plano foi adotar um estilo similar ao da chefe. Em 2005, em circunstâncias parecidas, Dilma havia assumido a mesma Casa Civil no lugar de José Dirceu. Decidiu focar-se no trabalho de gestão, ganhou a confiança de Lula e o resto da história todo mundo sabe.
"Quando ela [Dilma] conversou comigo, me disse: 'Olha, não quero você nas articulações da política'", contou Gleisi na primeira entrevista após ser nomeada. A orientação foi seguida à risca. Na agenda do primeiro mês no Planalto, a ministra reservou 15 horários para despachos internos e teve 29 reuniões com ministros, contra apenas duas entrevistas coletivas e três aparições em eventos públicos.
Aos poucos, também estreitou a relação com a Câmara de Políticas de Gestão, Desempenho e Competitividade, presidida pelo empresário Jorge Gerdau. Na mesma linha, reativou a Subchefia de Articulação e Monitoramento da Casa Civil um dos principais suportes técnicos da "era Dilma" na pasta.
Cinco meses depois, percebe-se que qualquer semelhança entre o comportamento das duas não é mera coincidência. Dilma queria uma "sósia" na Casa Civil; não um José Dirceu ou um Palocci. Parece ter acertado na escolha.
Engana-se, porém, quem acredita que a presidente arrumou apenas uma cópia. A paranaense é muito mais política do que a presidente era há seis anos. Após os cinco primeiros meses na estufa, não será surpresa se ela desabrochar como Gleisi e não apenas como a Dilma da Dilma.