Nos corredores
Educativa em Brasília
A TV Educativa retomará as atividades no Distrito Federal ainda neste semestre. A ideia é voltar a ocupar as instalações montadas em 2009 pelo ex-secretário da Representação do Paraná em Brasília Eduardo Requião. A estrutura funcionou por pouco mais de um ano. Foi completamente desmontada assim que Eduardo deixou o cargo no ano passado.
Desocupação?
O ex-secretário fez reformas em um imóvel alugado que fica abaixo do escritório paranaense. Em julho de 2011, reportagem da Gazeta do Povo mostrou que o espaço de 525 metros quadrados e sete salas era ocupado por apenas um funcionário do Instituto Agronômico do Paraná. O chefe da Casa Civil, Durval Amaral, disse na época que o estado havia decidido devolver o imóvel ao proprietário.
Mudança de planos
A devolução do imóvel, porém, não se concretizou. O atual secretário do Escritório, Alceni Guerra, diz que a manutenção do espaço e a volta da TV Educativa foram uma reivindicação dos parlamentares paranaenses. Segundo ele, todos os gastos serão cobertos pela Secretaria Estadual de Comunicação Social. Alceni afirma que a proposta já recebeu o aval de Beto Richa.
Já dizia Tim Maia que no Brasil, entre outras ambiguidades ideológicas, traficante é viciado e pobre é de direita. Tim era cantor, mas também queria ser político em 1997, filiou-se ao PSB na perspectiva de concorrer ao Senado um ano depois. Morreu em março de 1998, pouco antes de começar a campanha para valer.
Em 2011, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, imortalizou outra frase no anedotário político nacional. Ao descrever a legenda que estava prestes a fundar, o Partido Social Democrático, disse que a sigla não seria de esquerda, nem de centro ou de direita. Eis que o partido entrou em funcionamento nesta semana com chance de superar o PSDB e se transformar na terceira maior força do Congresso Nacional.
Além da silhueta, Kassab demonstrou ter outra coisa em comum com Tim Maia: sinceridade. O recém-criado PSD é exatamente aquilo que ele definiu. Para o bem e para o mal.
O prefeito até tentou diluir a polêmica na última quarta-feira, dizendo que a legenda na verdade é de centro. Não amenizou o tratamento voraz recebido de cientistas políticos e articulistas de jornal. A moda é jogar pedra no PSD, um partido que, como a Geni de Chico, parece ter sido feito para apanhar.
O puritanismo ideológico até faria sentido não fosse o atual panorama partidário brasileiro. É só ver o caso dos hoje arquirrivais PT e PSDB. Nascidos como social-democracia, os tucanos só chegaram ao segundo turno das eleições presidenciais de 2010 porque se abraçaram no ideário ético-religioso da direita.
Já os petistas, como diria Lula, viraram uma metamorfose ambulante. Ganharam em 2002 com um discurso de oposição, mas seguiram a política econômica do PSDB à risca. Eram contra a CPMF, a elevação da carga tributária, depois ficaram a favor.
Há casos e mais casos. Os comunistas do PCdoB tocam o Ministério do Esporte e organizam dois dos eventos mais capitalistas do mundo, a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016. O PMDB velho de guerra, tão importante na redemocratização, virou uma triste confederação de coronéis.
Herdeiro legítimo da Arena, o PP integra a base de apoio de uma presidente que guerreou contra a ditadura militar. Sem falar no DEM, o partido de direita que agora defende o Bolsa Família. E também no PR, antigo Partido Liberal, que abandonou o mantra do liberalismo laissez faire, laissez passer (deixe fazer, deixe passar) e choraminga por nacos de poder estatal.
Entre tanta confusão ideológica, é injusto massacrar o PSD. O problema não está na simples criação de uma nova sigla, mas no antigo inchaço do sistema político brasileiro. É óbvio que uma democracia saudável não é capaz de comportar 28 partidos, ainda mais quando a maioria é sedenta por uma boquinha no governo (qualquer governo).
O PSD é um pouco retrato disso tudo e um pouco inovação. Apesar de funcionar como uma janela para a infidelidade partidária, a criação da legenda também prestou um serviço ao país ao fomentar a discussão sobre ideologia. Ela é vital, mas não deve ficar congelada nos conceitos de direita e esquerda dos tempos da Guerra Fria.
O mais importante é que os partidos abracem bandeiras coerentes e as defendam para valer, sem metamorfoses repentinas em questões cristalinas como liberdade de expressão, livre iniciativa, economia de mercado e aumento de impostos. Nesse sentido, o PSD merece crédito porque começa do zero. Se vai continuar merecendo, só o tempo dirá.
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