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Nos corredores

A 1.ª vez de Cachoeira

Fantasma atual do senador Demóstenes Torres (DEM-GO), o empresário Carlinhos Cachoeira foi o pivô do primeiro escândalo de corrupção do governo Lula, em 2004. Na época, ele foi flagrado pagando propina para Waldomiro Diniz, ex-assessor do então ministro José Dirceu. Cachoeira foi convocado a depor na Câmara pela primeira vez por um requerimento do então deputado tucano Gustavo Fruet. "O tempo passa e os personagens continuam os mesmos", diz Fruet.

De olho no sigilo

Nesta semana, o deputado paranaense Fernando Francischini (PSDB) conseguiu aprovar um requerimento para que todas as informações sigilosas que envolvam políticos na operação Monte Carlos, que prendeu Cachoeira no começo do mês, sejam compartilhados com a Comissão de Segurança da Câmara. O pedido já está no Ministério da Justiça, que tem 30 dias para fornecer as informações.

Agenda às pressas

O governador Beto Richa conseguiu encaixar uma audiência às pressas na agenda da ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, na última terça-feira. O pedido para o encontro ocorreu um dia antes, para tentar aproveitar uma viagem de Richa para discutir outros temas na capital. A reunião, na qual foram discutidos a liberação de empréstimos para o estado e municípios paranaenses, só saiu à noite e durou pouco mais de meia hora.

Lula gerou o fato eleitoral mais importante do ano ao anunciar nesta semana que superou o câncer e que vai voltar à política. Se o ex-presidente já era visto como um oráculo petista, capaz de definir sozinho a estratégia do partido e suas principais candidaturas municipais, o retorno após o trauma da doença o transformam em uma espécie de mito. Resta saber em quais campanhas ele pretende mergulhar para valer.

Curitiba está nesse roteiro? Sempre esteve. A ideia de uma aliança em torno da candidatura do ex-tucano Gustavo Fruet (PDT) pode até não ter sido idealizada por Lula, mas com certeza teve o seu aval.

A capital e o Paraná como um todo são um entreposto estratégico no xadrez nacional entre PT e PSDB. Minar os tucanos no Sul é uma forma de furar a blindagem antipetista em São Paulo. E o PSDB só continuará tendo peso como oposição enquanto mantiver a soberania paulista.

Em recentes disputas paranaenses, Lula foi decisivo para as eleições de Roberto Requião (PMDB) em 2002 e 2006. Em 2010, o ex-presidente teve uma presença massiva na campanha de Osmar Dias (PDT). Ajudou, mas não o suficiente para evitar a derrota para Beto Richa (PSDB).

Na época, Osmar enfrentou um dilema parecido ao atualmente encarado por Fruet. Osmar, que era senador, também já havia sido filiado ao PSDB e pairavam dúvidas sobre o novo arranjo com Lula e o PT. Mesmo perdendo e criticando a maioria dos demais aliados, ele nunca deixou de reconhecer o mérito da parceria com o ex-presidente.

Em 2005, Fruet era deputado federal pelo PSDB quando foi sub-relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou o mensalão. O desempenho na investigação do maior escândalo da era Lula fez com que ele fosse reeleito como o deputado mais votado do Paraná no ano seguinte. Já o ex-presidente, que esteve próximo de cair devido ao episódio, conseguiu se reerguer e deixou o governo em 2010 com 80% de aprovação.

Há quem pense que o caso gerou feridas tão profundas que impossibilitariam uma aproximação entre os dois. Não é bem assim. Tanto que um dos principais defensores do apoio a Fruet dentro do PT é o deputado paranaense Zeca Dirceu, filho do pivô do mensalão, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.

A decisão final dos petistas sobre coligar-se ou não com Fruet só sai em abril. Com as bênçãos do campo majoritário do partido e dos ministros Gleisi Hoffmann e Paulo Bernardo, é bem difícil de a proposta ser rejeitada. Procurado para comentar a volta de Lula, o pedetista disse que só fala sobre o assunto depois da definição interna do PT.

Deixou claro, no entanto, que o passo seguinte de uma possível aliança seria colocar-se ao lado de Gleisi e da presidente Dilma Rousseff. "É um processo natural", diz. E de Lula?

"O ex-presidente tem uma aprovação muito grande entre os curitibanos, algo apartidário", continua. Em suma, não haveria qualquer objeção. Por outro lado, Fruet frisa que a disputa será pautada por questões de interesse local e não nacional.

Então Lula seria como uma carta guardada na manga. Se vai funcionar como um coringa capaz de definir o jogo, só o decorrer da campanha vai dizer.

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