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Nos corredores

Alô, é o Requião?

Roberto Requião (PMDB) foi um dos senadores procurados por membros do governo para retirar a assinatura da CPI da Corrupção. Ele recebeu uma ligação do conterrâneo Gilberto Carvalho (ministro da Secretaria-Geral da Presidência). Requião negou o pedido. Ele, o gaúcho Pedro Simon e o pernambucano Jarbas Vasconcellos são os únicos peemedebistas favoráveis à instalação da comissão.

Deu ocupado...

A tarefa de tentar dissuadir Requião nessas circunstâncias é encarada entre os petistas como uma missão das mais desagradáveis. Tanto que o presidente de Itaipu, Jorge Samek, teria orientado os colegas a não procurarem o senador. Além de não surtir efeito, a insistência serviria para o senador defender ainda mais a necessidade de investigações.

Rosinha estratégico

Pré-candidato do PT à prefeitura de Curitiba, o deputado federal Dr. Rosinha (PT) já traçou a estratégia para convencer o partido a lançar nome próprio em 2012 e evitar a aliança com Gustavo Fruet. Segundo ele, sem um petista na disputa, Fruet tem sérias chances de perder para Luciano Ducci (PSB) ainda no primeiro turno. "Será uma disputa pesada contra as máquinas da prefeitura e do governo do estado", disse.

Nelson Jobim deixa a Esplanada com fama de linguarudo. Mas não de incompetente, muito menos de corrupto. É preciso separar a imagem de criador de casos (que justifica plenamente a saída dele do governo) com a de homem público relevante durante a Constituinte, no Supremo Tribunal Federal e nos ministérios da Justiça e da Defesa.

Há uma linha tênue bem no meio dessa distinção que merece reflexão. Jobim parece ter sido sincero em suas colocações. E sinceridade, em um ambiente carregado de falsidade e ambiguidade como a política, tem o seu lado bom.

Para não deixar dúvidas: ele pegou pesado quando deu a indireta de que atualmente era necessário ter "tolerância e compreensão" com os "idiotas", em plena cerimônia de homenagem aos 80 anos de Fernando Henrique Cardoso. Foi sem noção logo depois ao chamar Ideli Salvatti de "fraquinha" e descrever Gleisi Hoffmann como alguém que "nem conhece Brasília". Mas será que há pecado no fato de ter admitido que votou em José Serra contra Dilma Rousseff no ano passado?

Se isso ocorreu às claras – e Jobim garantiu ter explicado o assunto à própria Dilma –, não. Claro que abriu margem para a oposição tirar proveito da situação e passar a insinuar que mais gente no governo votou no tucano. O que é bem provável.

Exemplo: o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles foi igualmente companheiro de ministério de Serra e Dilma durante as gestões FHC e Lula. Muitos petistas e peemedebistas, como o senador Roberto Requião, nunca simpatizaram com ele. Se Meirelles (atualmente no cargo de autoridade pública olímpica, indicado por Dilma) anunciasse que votou como Jobim, não seria um escândalo.

Também é fácil regionalizar a análise. E o prefeito de Curitiba, Luciano Ducci, em quem votou? Filiado ao PSB, que fez parte da coligação de Dilma, ele está atrelado ao PSDB do governador Beto Richa no Paraná, mas faz questão de dizer que tem portas abertas em Brasília.

Já o ex-deputado federal Ricardo Barros (PP), que concorreu ao Senado no ano passado e perdeu, foi vice-líder na Câmara dos governos FHC e Lula. Enquanto a maioria do partido no país ficou com Dilma, ele se ancorou na chapa estadual tucana. Quem Barros escolheu na urna eletrônica para presidente é outra história.

Especulações como essas têm poucos efeitos práticos, já que o sufrágio é secreto e todos têm o direito de não prestar contas a ninguém. Políticos podem perfeitamente tentar explicar aos seus eleitores alianças que ideologicamente não fazem muito sentido. Só que enganar a si próprio e aos parceiros mais próximos é uma tarefa bem mais complicada.

Jobim obteve sucesso considerável como ministro da Defesa, mas não será lembrado com carinho pelos colegas após suas últimas declarações. Gleisi e Ideli, por exemplo, não precisarão posar de simpáticas em encontros furtivos com alguém que as desqualificou. Talvez, no entanto, elas mesmas sintam cada vez mais falta de um linguarudo que discorde abertamente da presidente.

Afinal, o ato de discordar é um princípio básico da democracia. Temperado com um pouco de franqueza, fica melhor ainda. Só desanda quando fica carregado de arrogância.

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