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“Se você for jovem e tiver tempo, vá estudar. Estude antropologia, sociologia, economia, geopolítica. Estude tudo o que você for capaz para entender o que você está fotografando. O que você pode fotografar e o que você poderia fotografar.” A declaração foi dada por Sebastião Salgado, numa palestra em meados de maio, à pergunta de um jovem que pediu ao renomado fotógrafo qual recomendação ele daria a iniciantes na oitava arte.

Transparência nas contas 1

A falta de transparência no sistema de informações públicas do Tribunal de Contas do Paraná impediu que a sociedade soubesse do pagamento de R$ 1 milhão em benefícios para 26 membros ativos e inativos do órgão. Conforme reportagem de Kelli Kadanus (leia mais na página 15), além desse dado não estar disponível no Porta da Transparência do órgão, o sistema do TC permite apenas que o cidadão tenha acesso a um conjunto restrito de informações remuneratórias.

Transparência nas contas 2

É ruim para a imagem do TC-PR ter um portal de transparência com restrições de informação e dificuldades de consulta. O órgão tem entre suas atribuições competência fiscalizatória. Se corrigir as falhas e se tornar exemplar, o TC vai poder cobrar dos municípios e demais órgãos estaduais que sejam verdadeiramente transparente. Não é apenas uma questão de coerência, mas uma forma de tornar a atuação do órgão mais relevante para a sociedade.

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É um conselho original para quem pretende viver de fotografia. Mas serve também para qualquer atividade que um jovem escolher, como bem pontuou o cofundador da Aliança Empreendedora, Rodrigo de Mello Brito, anteontem em sua conta no Facebook. Independentemente da área que se escolha para trabalhar, é verdade, ter ao menos noções medianas de antropologia, sociologia, economia e geopolítica, ajuda a se posicionar no mundo e a compreender nuances que, sem esses conhecimentos, jamais se compreenderia.

Dá para ir ainda mais longe e dizer que o estudo dessas disciplinas, quando aliadas a uma análise distanciada sobre a realidade política, permite acabar com a falta de aprofundamento que todos os dias povoam os comentários sobre a vida pública nas redes sociais. Ninguém, é claro, tem a obrigação de ser especialista em humanidades, mas certamente qualificaria o debate dessa nossa multidão em rede, que emergiu com a ajuda da internet. Afinal, nunca foi tão barato se informar e um pouco de leitura melhora a qualidade do que se está publicando.

O conselho de Sebastião Salgado serve particularmente para aqueles que desejam empreender algum tipo de ativismo. Gente que quer trilhar esse caminho precisa bem conhecer antropologia urbana, economia, sociologia e ciência política – suas ações estão centradas em mudança da realidade social.

Isso significa também que eles precisam ter foco no indivíduo. O pessoal do movimento de startups compreende muito bem essa realidade e a exploram para garantir o máximo produtividade. A principal lição derivada da experiência de empreendedores seriais, como Steve Blank, Bob Dorf e Eric Ries, é a de que o segredo do sucesso está em concentrar a atenção nas pessoas e não nos produtos e serviços. A partir do comportamento dos clientes em sua experiência com produtos e serviços, tira-se conclusões valiosas que serão cruciais para o sucesso dos negócios. Muitas das técnicas e teorias que dão suporte para a descoberta e o desenvolvimento de clientes são provenientes, curiosamente, das disciplinas citadas por Salgado.

Ativistas sociais ou cívicos podem ter enorme vantagem ao empregar os métodos semelhantes. Utilizar essas metodologias e os suportes teóricos que lhes dão base acaba sendo a diferença entre o sucesso e o fracasso.

No mundo do empreendedorismo social ignorar o estudo das disciplinas mencionadas por Sebastião Salgado e os métodos de desenvolvimento de clientes faz dos ativistas seres semelhantes àqueles internautas que enchem de opiniões rasas as redes sociais.

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