Tendências

Na vanguarda

O governo de Minas Gerais está na vanguarda da transparência pública. Nos dias 19 e 20 de setembro irá realizar o "1º. Hackathon do Governo de Minas". O evento tem nome esquisito, mas é indicativo de um genuíno "novo estilo de governar". O governo mineiro vai fornecer as bases de dados públicos que administra para que – de forma colaborativa – hackers, programadores, designers e jornalistas criem soluções tecnológicas que sejam úteis para todos os cidadãos.

Na retaguarda

Enquanto isso, a prefeitura de Curitiba e a Câmara dos Vereadores nem mesmo divulgam os salários de seus servidores. E o governo do Paraná, a Assembleia Legislativa e o Ministério Público, embora divulguem essas informações, o fazem de maneira a dificultar qualquer análise sobre a estrutura da folha de pagamento da administração pública. Minas deveria servir de inspiração.

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CARREGANDO :)

Os alunos do Curso de Direito da Universidade Estadual de Londrina (UEL) passaram do limite do bom gosto e do tolerável ao gravarem um vídeo em que fazem uma paródia da música Show das Poderosas, da cantora Anitta, satirizando quem procura os serviços do Escritório de Aplicação de Assuntos Jurídicos (Eaaj). Desde a criação da coluna, em janeiro de 2011, foram raras as vezes que os cidadãos que não ocupam cargos públicos apareceram aqui como exemplos de comportamento degradante. Neste espaço, sempre se preferiu valorizar as condutas criativas e estimuladoras do bem público. Mas, hoje, abre-se uma exceção aos acadêmicos, a fim que possam corrigir de verdade o rumo que estão tomando.

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Os alunos de Direito da UEL ridicularizaram os clientes do Eaaj – pessoas carentes, sem instrução, e que provavelmente veem nos serviços prestados pelos acadêmicos uma das poucas, senão a única, alternativa de acesso à Justiça. O respeito ao cliente, aos cidadãos que terão de se submeter ao julgamento de um magistrado, e à sociedade é a primeira condição para se exercer qualquer um dos papéis reservados àqueles que se formam em Direito.

Esses alunos podem algum dia vir a ser advogados, juízes ou promotores. Serão elementos essenciais para a administração da Justiça no país. Se decidirem ser advogados, os clientes vão esperar que defendam seus direitos. Se virarem juízes, a sociedade supõe que irão julgar com prudência, sem jamais deixarem se levar por preconceitos de cor, gênero ou posição social. Da mesma forma, se optarem por uma carreira no Ministério Público, é de se imaginar que não se acovardarão perante os poderosos e que seus atos serão pautados pelo interesse da comunidade.

A conduta dos acadêmicos de Direito da UEL não combina com alguém que pode um dia vir a ocupar essas posições. Por essa razão, um pedido formal de desculpas não é suficiente. Não é o caso de um apedrejamento moral desses jovens, mas é necessário mais que palavras para corrigir o erro infame que cometeram.

A solução é que eles prestem atendimento gratuito para a população carente por mais tempo que determina o currículo universitário. Pode ser por iniciativa própria, pode ser por determinação da UEL. Não importa. Os alunos envolvidos no triste episódio precisam melhorar a conduta, precisam corrigir a falha moral que demostraram. Isso não se faz com pedidos formais de desculpa. Isso se faz com atos.

Comportamentos equivocados de jovens universitários acontecem com frequência e o caso da UEL é apenas o exemplo mais recente. É necessário que a sociedade discuta meios de estimular comportamentos profissionais que sejam condizentes com os princípios que regem a vida em comunidade e que estão inscritos na Constituição Federal.

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A realização de trabalho voluntário em benefício da sociedade pode ter esse efeito transformador. Ao se envolver continuamente com os problemas de outras pessoas, é possível que uma nova perspectiva se abra. No caso específico dos alunos da UEL, a convivência por mais tempo com pessoas carentes, auxiliando-as a ter seus direitos respeitados, pode aprimorar a conduta dos acadêmicos e corrigir a falha que cometeram. Todos podem cometer falhas e a todos deve-se conceder o direito de reparar o erro. Que os alunos da UEL com todo o seu humor e a sua alegria de viver passem mais tempo com quem precisa de assistência. Assim estarão se tornando merecedores de participar da administração da Justiça no país.