Enquanto os partidos festejam a República diariamente com a partilha de verbas e cargos públicos, a sociedade paranaense comemora o 15 de Novembro com dois eventos: a 3.ª Marcha Contra a Corrupção e a 1.ª Semana da República. Não fossem essas iniciativas da sociedade, o feriado da Proclamação da República seria apenas a encenação de mais uma farsa.

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A 3.ª Marcha Contra a Corrupção está marcada para o feriado de amanhã e, em Curitiba, a concentração começa às 13 horas na Praça Santos Andrade. A primeira das marchas reuniu 80 pessoas na capital. A segunda, 600. A previsão do tempo para esta terça-feira é de chuva, o que pode atrapalhar a mobilização. Portanto, é sempre bom levar uma sombrinha, utensílio que deveria ser usado como símbolo de manifestações em Curitiba. Um dos grupos organizadores,o Anonymous, publicou em sua página na internet (www.anoncuritiba.org) o aviso da passeata do dia 15, com o lema: "Não é sinal de saúde estar bem adaptado em um sistema doente!". De fato, a República brasileira anda mal da cabeça.

É justamente para pensar os problemas institucionais brasileiros que o Instituto Atuação Paraná organizou a 1.ª Semana da República, que ocorre entre 19 e 26 de novembro. Essencialmente composto por jovens universitários, o instituto vai promover no dia 19 o primeiro Transparência Hack Day em solo paranaense, evento no qual jornalistas e pesquisadores se reúnem para criar aplicativos de internet usando dados públicos. Ou seja, a ideia é que a sociedade se aproprie de dados públicos disponíveis na web e os use para criar diferentes formas de visualizá-los, ferramentas de fiscalização ou aplicativos de utilidade pública. O T-Hack Day é aberto a todos os interessados e irá ocorrer na Universidade Positivo.

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No dia 26 de novembro, a 1.ª Semana da República traz o Simpósio Republicano – um ciclo de debates sobre o significado de república hoje, as formas de fiscalização e controle da atividade dos agentes públicos. O simpósio também é aberto ao público e irá acontecer no auditório Poty Lazzarotto, do Museu Oscar Niemeyer. Mais informações podem ser encontradas, a partir de quarta-feira, no endereço www.atuapr.com.br ou na página do Facebook.

O curioso desses eventos é que nenhum deles é organizado por atores tradicionais, militantes políticos, entidades estudantis, sindicatos ou partidos. São organizados por novos movimentos sociais, apartidários, que retomam a esperança de um dia ser possível tornar realidade a ficção criada há 122 anos – a de que se vive numa República.

O termo "república" é usado para descrever um país em que todos são iguais e no qual os bens coletivos são administrados em favor de toda a comunidade. Mas todos os dias a realidade nega o mundo ideal. No Brasil, independentemente do partido, a regra é o comportamento antirrepublicano. Por essa razão, não é de se estranhar que os eventos que celebram a República não estejam na pauta dos partidos tradicionais. Os fatos mostram quem são os verdadeiros defensores da República.

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Distorções

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Exemplos de comportamento antirrepublicano

1) Contratação de parentes

É algo que acompanha o Paraná há mais uma década. Tanto o atual governador, Beto Richa (PSDB), como o anterior, Roberto Requião (PMDB), têm afeição por empregar familiares para chefiar secretarias em seus governos.

2) Falta de transparência

A existência de diários secretos permitiu desvio de mais de R$ 100 milhões na Assembleia Legislativa do Paraná, em cerca de 15 anos.

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3) Aparelhamento de ministérios

Partidos aliados, a exemplo do PCdoB e PR, fizeram com que as pastas que comandavam – respectivamente Esportes e Transportes – se tornassem máquinas destinadas a uso eleitoreiro e alvo de denúncias de corrupção.

4) Emendas parlamentares

De instrumento de democratização do orçamento, as emendas se tornaram moeda de troca de apoio político e eficiente veículo para a corrupção. O orçamento deste ano prevê que o valor das emendas individuais seja de R$ 15 milhões.

5) Cargos comissionados

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No governo federal são mais de 20 mil. O critério de nomeação é o vínculo pessoal, não o mérito.

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