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Os ânimos estão tão acirrados que é impossível fazer um comentário sobre as manifestações no Brasil e passar incólume. Se você falar A, você é um libertário, vândalo; se falar B, você é conservador e golpista, se falar C você está a serviço do capitalismo, se falar D você é um agente infiltrado das Farc, se falar Z você é alienado e não sabe de nada.

Realmente está difícil de entender um movimento tão difuso e grande. Inicialmente, fiquei satisfeita com o ânimo das pessoas em ir para as ruas e reivindicar um Brasil melhor. Mas a violência nas ruas e a virulência das palavras têm me deixado preocupada.

De um lado, esquerdistas falam que toda essa movimentação estaria a serviço de um golpe de estado da direita. Do outro lado, conservadores dizem que os esquerdistas é que querem implantar um Estado autoritário.

Em meio ao risco de fazer avaliações incompletas sobre o momento pelo qual o Brasil passa, vou me ater às minhas próprias reivindicações. Não são melhores que as dos outros, mas em um momento em que a liberdade de expressão é palavra de ordem, vou exercer a minha.

1) Protesto contra o vandalismo e todas as ações que danifiquem o patrimônio público e a propriedade privada.

Reivindico a presença mais efetiva do Estado nas questões sociais, pois certamente há algo de errado em uma cidade/estado/país onde as pessoas fazem manifestações tão violentas como as que vimos nos últimos dias.

2) Protesto contra a inépcia dos governantes, os de esquerda, os de direita, os de centro, os indecisos e os adesistas.

Reivindico uma reforma política que retire poder dos caciques partidários, instaure novos mecanismos de controle da classe política, como referendos sobre a atuação do Executivo e do Legislativo. Rejeito propostas de financiamento público de campanhas, mas proponho o debate de formas efetivas de eliminar relações espúrias entre políticos e doadores privados, dentro de um amplo programa de combate à corrupção (problema que acomete o Brasil há séculos).

3) Protesto contra a morosidade do Ministério Público e do Judiciário.

Reivindico mais estrutura, mas também mais trabalho para os agentes desses órgãos, fundamentais para criminalizar e condenar a corrupção. Reivindico mais promotores capacitados para investigar os casos de desvio de dinheiro público e improbidade, e um Órgão Especial para julgar crimes de corrupção.

4) Protesto contra as regalias do Executivo, do Legislativo, do Ministério Público e do Judiciário.

Reivindico que todas as regalias como férias superiores a 30 dias, pagamento de vale-refeição de anos passados, auxílio-tablet, auxílio-gabinete, carros luxuosos e todas as coisas esdrú­­xulas sejam eliminadas do poder público brasileiro. Reivindico a reformulação da Lei da Magistratura.

5) Protesto contra a contratação de comissionados.

Reivindico limitação no número de assessores contratados – evitando o apadrinhamento e a acomodação de cabos eleitorais e parentes – e proponho que essas poucas pessoas passem por uma prova, que comprove sua qualificação. Reivindico a valorização do servidor público, concomitantemente com a implantação de alguma ferramenta de avaliação para garantir que os funcionários negligentes recebam a punição devida.

6) Protesto contra a publicidade pessoal dos políticos

Reivindico que os governantes só sejam autorizados a pagar por anúncios com caráter educativo e/ou informativo.

7) Protesto contra propostas esdrúxulas, como ônibus de graça.

Reivindico que o poder público se foque nas ações de saúde, educação, segurança e proteção ao meio ambiente; que valorize os profissionais dessas áreas, com aumento de salários e capacitação. Reivindico o funcionamento dos órgãos de controle, com plena participação da sociedade, para fiscalizar todas as atividades terceirizadas. Reivindico que o veículo de uso pessoal não tenha incentivos tributários, e que esse tipo de benefício seja direcionado ao transporte público.

8) Protesto contra ações antidemocráticas.

Reivindico o respeito à liberdade de expressão, e à pluralidade das opiniões. Reivindico o respeito a todos os trabalhadores, especialmente aos jornalistas. Reivindico o respeito às instituições, ao patrimônio público e à propriedade privada. Proponho tão somente o bom-senso.

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