Tudo depende do ponto de vista.
1) Para a sociedade que quer cadeia para corruptos, o projeto em trâmite na Câmara dos Deputados dá anistia a quem se envolveu com caixa 2 eleitoral. Para os parlamentares corruptos, não se trata de anistia, mas de “não criminalizar o caixa 2 no passado”.
A artilharia dos deputados é pesada. Manobram para evitar a votação nominal e serem questionados depois. Manobram para mudar o texto aprovado em comissão. Manobram, mas não conseguiram achar uma palavra para combater a anistia.
“Vamos acabar com essa discussão de anistia, não há anistia de um crime que não existe. É só um jogo de palavras para enfraquecer e desmoralizar o parlamento”, afirmou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Por isso a votação foi jogada para a próxima terça-feira. Até lá os parlamentares terão tempo, quem sabe, de criar um slogan, uma desculpa qualquer, algo que ajude a enganar a população.
2) Tem dinheiro ou não?
Estados estão falindo, e o Paraná não quer seguir o mesmo caminho. Então o Executivo decidiu apertar de vez o cinto, e negar o reajuste da inflação que havia se comprometido a dar aos servidores.
Seria mais fácil de aceitar se houvesse coerência nas medidas. Nesta semana, a Comissão de Orçamento da Assembleia Legislativa aprovou um substitutivo geral ao projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2017. Nela, os deputados autorizam o aumento de repasses ao Judiciário, Legislativo e Ministério Público.
No projeto original, o Executivo havia retirado do bolo de receitas a compartilhar o Fundo de Participação dos Estados (FPE). Há tempos a Secretaria da Fazenda tenta reduzir os valores repassados – que estão entre os maiores do Brasil. Mas os deputados não têm coragem.
Segundo o relator do substitutivo, deputado Elio Rusch, o FPE vai somar um valor considerável ao orçamento – é algo em torno de R$ 1,6 bilhão ao ano. “Sabemos que principalmente o Poder Judiciário criou uma estrutura que, se não contemplássemos esses Poderes com o FPE, eles teriam problemas seríssimos para dar continuidade ou dar desenvolvimento ao trabalho de atendimento à nossa sociedade”, explicou Rusch.
Bom, outros órgãos também criaram estruturas que, com menos dinheiro, terão “problemas seríssimos para dar continuidade ou dar desenvolvimento ao trabalho de atendimento à nossa sociedade”. Os servidores que não terão o reajuste previsto em lei também terão “problemas seríssimos para dar continuidade” ao nobre ofício de pagar contas, já que as coisas sobem de preço, mas o salário não terá a reposição da inflação.
3) O recado das urnas
Em Curitiba, o PSDB foi vitorioso na chapa encabeçada por Rafael Greca (PMN). Em Belo Horizonte, o candidato tucano, João Leite, perdeu no segundo turno para um outsider da política, o empresário Alexandre Kalil (PHS).
O PSDB nacional minimizou a derrota de João Leite. Para os tucanos, toda a classe política saiu perdendo, porque Kalil atirou para todos os lados e explorou o fato de não ser político. “Tipicamente um fenômeno populista”, disse um deputado do PSDB de Minas Gerais.
Em Curitiba, Rafael Greca usou e abusou da alcunha de urbanista, também para fugir da figura de político, tão desacreditado. O Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Paraná (CAU) até tentou recorrer à Justiça contra Greca, pois ele é engenheiro civil e não pode se intitular ao bel prazer. O juiz entendeu, porém, que o conselho não tinha legitimidade para demandar questões eleitorais.
De todo o modo, a propaganda pegou, Greca, feroz nos bordões e ácidos nos comentários, fez parecido com o que Kalil fez em Belo Horizonte. Mas lá o PSDB perdeu, então não foi correto. Aqui o PSDB venceu, então está tudo ótimo.
4) Caixa 2
O ex-presidente da Andrade Gutierrez Otavio Azevedo disse que doou R$ 1 milhão para a campanha de Dilma Rousseff. Era dinheiro de propina, afirmou. A defesa de Dilma mostrou que os recursos que entraram eram direcionados especificamente para gastos do candidato a vice, Michel Temer.
Otavio Azevedo mudou a versão. Não era propina, mas doação legal, afirmou.
Tudo depende do ponto de vista, claro.
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