0,7% é o crescimento acumulado do PIB entre janeiro e setembro de 2012. As estimativas apontavam para um crescimento de 1% em todo o ano. Em março, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, havia previsto crescimento de pelo menos 4%.

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O ano mal começou, mas já provoca a sensação incômoda de que reviveremos muitas situações esdrúxulas que deveriam ficar no passado.

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No litoral paranaense, velhos problemas se agravaram no feriado de ano-novo: falta de abastecimento de água, alagamentos de ruas, trânsito caótico e insuportável, fila no ferryboat.

Brasil afora, as falhas nos aparelhos celulares prejudicaram a disseminação dos votos de felicidades. Os congestionamentos também se multiplicaram pelo país – não só de carros, mas também de pessoas, como no caso da superlotação do metrô do Rio, na volta do Réveillon em Copacabana.

A proliferação dos problemas em todo o país, entretanto, não exime cada governador e prefeito da responsabilidade de melhorar os serviços públicos que coordena. Aqui no Paraná, por exemplo, as condições de tráfego das rodovias PR-407 e PR-412 são simplesmente insustentáveis. Talvez por coincidência, o governo estadual voltou a anunciar o projeto para tentar viabilizar a BR-101 no estado – rodovia federal que corta todo o litoral brasileiro, com exceção da costa paranaense. A notícia é ótima, claro, mas é reivindicada há pelo menos 20 anos. Parece que estamos num ano-novo da década de 90.

Nesta fase seriam feitos apenas estudos e, caso confirmem a viabilidade da obra, a estrada só começará a ser construída mesmo em 2015. E quando ficaria pronta? Só para lembrar que a duplicação de 14,4 quilômetros na BR-277, no Oeste do estado, tem prazo estimado de 18 meses para ser concluída.

Teatro

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Outra situação que se repete a cada posse: ao assumirem os cargos, os governantes que prometeram mundos e fundos na campanha eleitoral de repente se dão conta de que não é tão fácil assim gerir a máquina pública. Pedem paciência e compreensão. O cidadão que vê essas cenas pensa: "Já vi esse filme antes". De fato.

Outra triste cena também vista antes: desmoronamentos e alagamentos em regiões serranas. O Rio de Janeiro voltou a ser atingido, dois anos após ser palco da maior tragédia natural da história brasileira: 916 mortos, em 12 de janeiro de 2011. A situação atual não é tão catastrófica, mas duas pessoas já perderam suas vidas. O pior é ver o teatro dos governantes nessa situação: compromisso de liberar verbas, garantia de ajuda às famílias atingidas, etc. Só para lembrar: apenas em março deste ano é que começarão a ser reconstruídas as pontes destruídas pelo grande temporal que assolou Morretes, Antonina e Paranaguá em 2011. Na época dessa tragédia também houve muito teatro, mas os atores principais já nem se lembram do papelão que fizeram.

Racionamento

Eis que um velho fantasma volta a assombrar o Brasil. Como mostrou reportagem da Gazeta do Povo de ontem, o nível dos reservatórios das hidrelétricas está abaixo do nível de segurança estipulado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Pelas previsões meteorológicas, o Sudeste, Nordeste e parte do Centro-Oeste terão menos chuva do que o normal nos próximos meses.

O racionamento de energia de 2001 não atingiu o Paraná, e dificilmente isso ocorreria num futuro próximo. O nível das hidrelétricas do Sul está acima do nível de segurança, e a expectativa é que as chuvas na região fiquem acima da média nos próximos meses. Mas invariavelmente a economia do Paraná seria atingida no caso de o Brasil voltar a enfrentar um apagão energético.

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A presidente Dilma Rousseff também seria seriamente atingida se fosse necessário um racionamento. O prejuízo não seria apenas eleitoral, mas principalmente moral. Ela era uma das porta-vozes da oposição quando o então presidente Fernando Henrique Cardoso teve que decretar o racionamento. Na época, em 2001, ela era secretária de Energia do Rio Grande do Sul.

Dilma não parece preocupada, e para ela é "ridículo" falar que há risco de racionamento no Brasil. Políticos precisam ser líderes, mas não podem ser míopes. Lula, em 2008, falou que a crise econômica internacional era uma "marolinha" que não atingiria o Brasil. O fato é que agora estamos em meio a um crescimento econômico pífio. Sim, Dilma repete o filme do governante que age com arrogância. Já vimos tudo isso. Feliz Ano Velho.