Com a presença de 392 deputados na Câmara, começou pouco depois das 18h a votação que vai decidir se Roberto Brant (PFL-MG) terá o mandato cassado ou não. Em sua defesa , o pefelista disse estar sereno e orgulhoso e sem ressentimento, mas que nunca pensou que seria obrigado a ocupar a tribuna para defender seu mandato. Ao final, foi bastante aplaudido, principalmente por parlamentares da oposição, que depois fizeram fila para cumprimentá-lo.

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- Não há um centavo de dinheiro público envolvido. Não cometi nenhum crime, não infringi a lei eleitoral - afirmou Brant.

Já o deputado Nelson Trad (PMDB-MS), relator do processo que pede a cassação de Brant, disse que o dinheiro circulou de forma clandestina desde sua origem até seu destino, sem qualquer registro. Afirmou ainda que o reconhecimento pelo próprio acusado de que a doação do dinheiro foi feita pela Usiminas para sua campanha reforça a tentativa de ocultar doação sem registro por meio da passagem pelas contas da SMPB, agência de Marcos Valério.

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- É importante que o plenário atente para o fato de que, mesmo sendo a doação de origem privada, o recebimento desses recursos por meio da SMPB atesta a forma clandestina do pagamento - disse.

Ao abrir a sessão, o presidente da Câmara, Aldo Rebelo, disse que o julgamento de Professor Luizinho (PT-SP) também será realizado nesta quarta-feira e ameaçou cortar o ponto dos ausentes.

O clima é de tranqüilidade em relação a Brant e os prognósticos na oposição é de que Luizinho também se salvará.

- Eu não acho, eu tenho certeza. Os dois serão absolvidos porque eu nasci nessa Casa e tenho ouvido. E o que tenho ouvido nos ultimos três dias é que não há espírito para cassar ninguém. O Brant vai ser de lavada, mas o Luizinho, por menos - disse Laura Carneiro (PFL-RJ), afirmando que a situação mudará para os próximos a irem a plenário.

Já o líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ), disse que os dois podem ser cassados ou não, mas a tendência maior é que Brant seja absolvido e que Luizinho fique no limite, podendo ser absolvido pelo baixo quórum no plenário no fim da noite desta quarta. E alertou:

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- Se o deputado votou no primeiro e não votou no segundo, significa que ele votou aberto a favor do Luizinho, que se beneficia do quórum baixo - disse o pefelista.

Com grandes chances de absolvição, Brant terá seu processo votado primeiro e por isso, acredita-se que Luizinho estaria em desvantagem por ter seu processo votado em seguida. Entre os cinco petistas que estão sob processo, o ex-líder do PT teria as maiores chances de ter o mandato preservado, não fosse julgado logo após uma possível absolvição.

O mineiro Roberto Brant, que foi ministro da Previdência no governo Fernando Henrique, entrou na lista de cassações com a confirmação de que a doação de R$ 150 mil da Usiminas, em agosto de 2004, para sua campanha à prefeitura de Belo Horizonte, foi re- passada pela SMP&B de Marcos Valério. Em sua defesa, Brant chegou a negar que, apesar de o recurso ter sido para cobrir gastos de campanha, tenha usado dinheiro para essa finalidade. Isso o livraria da acusação de caixa dois, já que não prestou conta do dinheiro à Justiça Eleitoral. Em depoimento no Con- selho de Ética, o deputado admitiu que usou o recurso para pagar gastos de propaganda eleitoral partidária, porém antes do início da campanha, o que, segundo ele, não caracterizaria caixa dois. O argumento não convenceu o relator.

Já o ex-líder do PT na Câmara chegou a negar envolvimento com o mensalão, alegando que o homem listado como um dos sacadores da conta de Marcos Valério no Banco Rural seria um homônimo de seu assessor. Mas o deputado acabou admitindo que foi mesmo seu assessor José Nilson dos Santos quem sacou R$20 mil da conta da SMP&B Comunicação, em dezembro de 2003.

Em setembro do ano passado, na tentativa de comprovar que não usou o dinheiro para gastos pessoais, Luizinho apresentou à polícia declarações de pessoas que teriam prestado serviço na campanha eleitoral de alguns de seus aliados políticos. Durante a votação do Conselho de Ética que aprovou a cassação de seu mandato, o deputado emocionou-se ao citar a mãe, negou ter mentido e afirmou que não deu autorização ao ex-assessor José Nilson para receber os R$ 20 mil do valerioduto.

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