Até a última semana, antes da condenação de 39 anos e seis meses pelos homicídios de seus pais, Marísia e Manfred von Richthofen, o principal assunto entre a então ré Suzane e seu advogado Denivaldo Barni era o julgamento e detalhes do processo. Ontem, no primeiro dia de visita no Centro de Ressocialização, em Rio Claro, o tema mudou: segundo Barni, a condenada Suzane está apavorada.
- Perdeu o rumo em relação ao destino. Antes aguardava o júri. Agora tem de pensar em retomar a vida. Sabe que, após cumprir a pena, não terá ninguém lá fora para buscá-la. Só eu - contou Barni.
Basta observar a fila de visitas aos domingos para entender o pesadelo dela. A maioria das pessoas era de mães, filhas e irmãs das detentas.
- Sabe aquelas cenas de cinema, quando um condenado ganha a liberdade, abre o portão e não tem ninguém esperando lá fora? Isso a deixa apavorada. O que fará depois? Quem vai dar emprego para ela? Tenho 51 anos e não viverei para sempre - declarou.
Barni chegou a Rio Claro por volta das 9h15m. Só foi embora às 15h30m e disse que voltaria no próximo domingo. Levou roupas, salgadinhos, chocolate, pizza de brigadeiro, frutas e cigarros para a Suzane. Ela não comeu o prato tradicional de domingo: macarrão com frango, servido, inclusive, às visitas. Preferiu os mimos do tutor.
- Ela chorou ao lembrar da infância, ao falar do irmão e quando eu fui embora. Foi como deixar um filho numa escolinha pela primeira vez. Eles choram.
Essa foi a primeira conversa entre eles após o júri. Segundo ele, Suzane não falou do crime, nem dos irmãos Cravinhos, co-autores.
- Terá de carregar essa pena, que não é pequena. Já está condenada e presa. Chega de implicância - pediu Barni, que em breve determinará outras visitas a ela.
Garantiu que amigas da época da escola gostariam de revê-la.
- O Andreas não deve voltar - disse.
A partir de agora, Suzane volta à rotina da cadeia. As presas acordam por volta das 6h30m. Trabalham em oficinas das 7h30m às 11h30m e das 12h30m às 17h-algumas ajudam na cozinha, lavanderia e faxina. Suzane fará pregadores de roupa e ganhará de R$ 40 a R$ 50 por mês. O dinheiro é para gastos pessoais, como fazer a unha e o cabelo no salão de beleza da cadeia. Para cada 3 dias trabalhados, desconta-se 1 dia da pena.
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