O aeroporto de Congonhas, na zona sul da capital, opera normalmente neste sábado, primeiro dia com as pistas reduzidas para a construção de áreas de escape. A pista principal, que já era curta (1.940 metros), perderá trezentos metros. A auxiliar, que tinha 1.435 metros, passará a ter apenas 1.195 metros. Nesses espaços, serão criadas áreas de escape, que podem aumentar a segurança do aeroporto. Apesar da redução anunciada, as pistas não apresentam ainda sinalização e as obras para a construção dos espaços prometidos ainda não começaram.

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Desde às 6h, quando o aeroporto abriu, o movimento é tranqüilo no saguão. De acordo com a Infraero, até às 9h, das 44 partidas previstas, 6 foram canceladas e nenhuma teve atraso superior a uma hora.

As novas medidas que tanto preocupam os passageiros são, segundo o Ministério da Defesa, fundamentais para aumentar a segurança no aeroporto. As companhias aéreas terão que se adequar, carregando menos peso nos aviões já a partir deste sábado. A TAM e a Gol informaram que já se adaptaram às novas regras e atenderam todas as exigências da Anac e do Ministério da Aeronáutica.

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- Nós temos sempre a idéia de que a pista curta significa uma operação insegura. Uma pista curta significa simplesmente que o avião vai operar com peso menor e, portanto, ele terá ou menos passageiros ou menos combustível - explica Jorge Leal Medeiros, professor de transportes aéreos da USP.

A pista auxiliar, que hoje é usada por todo tipo de avião, agora só poderá operar com aviões de pequeno porte. Estão proibidos os de grande porte como os Airbus A319 e A320 da TAM, todos os modelos de Boeing 737 da Gol, da Varig e da BRA, os Fokker 100, da TAM e da Ocean Air, os Fokker 50 e os ATR, da Ocean Air e da Pantanal.

- Com o encolhimento da pista eu acho que seria mais interessante outra opção de aeroporto, Viracopos ou Cumbica ou até outro meio de viagem. Congonhas está complicado agora - acredita o empresário Rogério Arruda, freqüentador do aeroporto.

Para o pesquisador da Coppe-UFRJ Moacyr Duarte, as mudanças de pista em Congonhas afetam apenas a contabilidade das companhias aéreas, que podem ter seus lucros reduzidos por ter de pousar e decolar com menos peso.

- Elas terão de decidir se vão ter menos carga, pela qual ela ganha, ou passageiros. Os vôos que saem e chegam de Congonhas cobrem um raio de mil quilômetros, onde estão os principais aeroportos do país e o tráfego de carga é uma importante fonte de receitas - diz Duarte.

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Em dias de chuva, a pista principal continuará fechada por determinação da Agência Nacional de Avião Civil (Anac).

A decisão de reduzir as duas pistas de Congonhas foi do ministro da Defesa, Nelson Jobim, que anunciou a medida nesta quinta-feira.

- Vai continuar sendo um aeroporto de vôos diretos, ou seja de ponto a ponto. Ao reduzir o espaço da pista utilizável para pouso e decolagem, deverá haver um ajuste das empresas no sentido de utilizar uma configuração de peso e de aeronaves compatíveis com este espaço - disse Jobim.

Empresas que não apresentarem pesos de aeronaves não poderão operar

A Anac expediu ofício, nesta sexta-feira, a todas as companhias aéreas solicitando os cálculos de adequação das aeronaves ao novo tamanho de pista de Congonhas. Esses cálculos referem-se especialmente ao peso das aeronaves, que deverá ser reduzido para se adequar às pistas mais curtas. A agência avisa que os cálculos terão sua metodologia analisada pelos técnicos da Anac. Segundo o ofício, as empresas que não tiverem enviados os cálculos até a madrugada deste sábado, dia 15, ou que não tiverem a metodologia de uma determinada aeronave aprovada serão impedidas de operar em Congonhas.

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Gol diz que impacto da redução nas pistas serão mínimos

A Gol Transportes Aéreos divulgou nota, na noite desta sexta-feira, informando que "o impacto da redução do comprimento das pistas do aeroporto de Congonhas será mínimo nas operações e os aviões continuarão pousando normalmente na pista principal." Na nota, a Gol afirma ainda que apóia qualquer decisão do governo que busque aumentar a segurança na aviação civil.

TAM diz que Airbus A319 e A320 só usarão a pista principal de Congonhas

A TAM informou que a partir deste fim de semana os pousos e decolagens com aeronaves modelos Airbus A319 e A320 que fazem parte da frota da companhia, serão feitos somente na pista principal do aeroporto de Congonhas. De acordo com a empresa, as alterações anunciadas pelo ministro da Defesa, em relação à redução das pistas de Congonhas em 300 metros para estabelecer áreas de escape, afetam pouco a operação da empresa no aeroporto.

Ainda segundo a TAM, os aviões Airbus A319 continuarão operando em Congonhas sem restrições em condições de pista seca e com mínimas restrições para decolagem com pista molhada. A TAM possui 15 aviões desse modelo e sete deles são usados na ponte aérea Rio-São Paulo. Os modelos A320 também terão seus pousos e decolagens mantidos normalmente com a pista principal seca. Já com a pista molhada haverá , segundo a companhia, pequena limitação de peso para pousos e decolagens. A TAM possui 62 aeronaves A320 em sua frota. De acordo com estimativas preliminares da companhia, 2% dos vôos operados em Congonhas poderão ser afetados com a nova configuração das pistas. Em relação ao número de vôos que compõem a malha aérea a partir desse aeroporto não haverá alteração imediata.

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Simulador mostra que pilotos do Airbus não poderiam evitar acidente

Integrantes da CPI do Apagão Aéreo participaram nesta sexta-feira, em São Paulo, de uma simulação do vôo do Airbus A-320 da TAM envolvido no acidente aéreo do dia 17 de julho, que provocou a morte de 199 pessoas. Oito possíveis cenários foram colocados no simulador. O relator da CPI, deputado Marco Maia (PT-RS), disse que, no simulador, o acidente da TAM era inevitável.

- A primeira conclusão é que os pilotos ao aterrissarem não tinham mais nada que pudessem fazer para evitar o acidente. A segunda conclusão, é que precisamos aprofundar a hipótese de uma possível falha mecânica nas manetes - afirmou.