Jean Wyllys, deputado pelo PSol do Rio de Janeiro| Foto: Gustavo Lima/Câmara dos Deputados/Arquivo

O Conselho de Ética retomou nesta terça-feira (8) a análise do processo por quebra de decoro parlamentar contra o deputado Jean Wyllys (PSol-RJ) com a oitiva das testemunhas que viram o parlamentar cuspir em direção ao deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) no dia da votação do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff no plenário da Câmara, em 17 de abril deste ano. O primeiro a ser ouvido foi o deputado Alberto Fraga (DEM-DF), um dos autores da representação na Corregedoria da Câmara.

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No depoimento, Fraga disse que o colega cuspiu “de forma intolerante” com a intenção de atingir Bolsonaro. A cuspida também teria atingido o deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ). “Achei uma atitude desnecessária. A esquerda fala em intolerância, mas a intolerância parte deles”, disse Fraga, ouvido na condição de informante.

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O deputado destacou que não ouviu nada que Bolsonaro tenha dito para Wyllys que possa o ter provocado na ocasião, mas que o deputado do PSol teria chamado os colegas de “canalhas e fascistas”. “Cuspir na cara de um parlamentar é uma agressão pior do que, às vezes, um tapa na cara, uma palavra dita de forma injuriosa”, completou Fraga, adversário político de Wyllys. “Já fui chamado de jagunço, fascista e matador. E não por isso tenho o direito de cuspir em ninguém”, reclamou.

Coube ao deputado Glauber Braga (PSol-RJ) sair em defesa de Wyllys, revelando aos colegas que testemunhou outras situações em que Bolsonaro provocou o colega. Braga apelou para que os conselheiros avaliassem o “calor” do debate e enfatizou que Wyllys apenas reagiu a mais uma provocação de Bolsonaro. “Se não fosse considerada uma reação, também não seria considerada uma reação de Eduardo Bolsonaro que também reagiu com cuspe depois que o Jean Wyllys saiu do plenário”, declarou. Fraga rebateu dizendo que nunca ouviu nenhuma conduta em Bolsonaro que o desabonasse.

O deputado Ricardo Izar (PP-SP), relator do processo disciplinar, chamou inicialmente 12 colegas para prestar depoimento. Nesta tarde ele dispensou o delegado Éder Mauro (PSD-PA) e pediu a oitiva do corregedor da Casa, Carlos Manato (SD-ES). As oitivas também devem ocorrer na quarta-feira (9).

O processo contra Wyllys é fruto de seis representações levadas à Corregedoria da Casa, sendo duas delas do ator Alexandre Frota. A Mesa Diretora aprovou o encaminhamento das representações e sugeriu a suspensão do mandato parlamentar por até seis meses. Caberá ao Conselho de Ética arquivar ou dar continuidade ao processo. O prazo para análise da representação é de 60 dias úteis.

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