Contrariados com o rumo das negociações com o governo, controladores de vôo civis e militares ameaçam aumentar a temperatura do caos aéreo depois da Páscoa. Internamente, as associações estariam organizando uma nova paralisação dos controladores civis. O dia do novo apagão aéreo ainda está sendo mantido em absoluto sigilo. Pelo plano em gestação, o passo seguinte é outra ação para forçar o governo a retomar as negociações: desencadear um processo de pedidos de baixa coletivos dos controladores militares mais antigos - o que representaria, segundo um líder sindical ouvido pelo jornal O Estado de S. Paulo, a retirada de pelo menos 40% dos 1.500 que atuam no País.
"Isso seria o caos e o governo é que teria de resolver sozinho", disse um sindicalista. "Os controladores, em sua grande maioria, não teriam problemas, já que todos têm mais de um emprego. Com as baixas, eles deixariam de sofrer e tocariam suas vidas em outras profissões, já que muito de nós somos médicos, dentistas, professores, vidraceiros e até taxistas." As duas ameaças - a de greve ampla e a de baixa coletiva - são a resposta dos sindicalistas para o recuo do governo. Mas, para demonstrar que ainda estão abertos ao diálogo, os controladores sustentam que não suspenderão as atividades de controle do tráfego aéreo durante o feriado da Páscoa.
Para os controladores, o governo e as autoridades aeronáuticas ainda não perceberam o nível de insatisfação do setor. Na avaliação das lideranças, o último motim que gerou o apagão aéreo de sexta-feira foi feito de forma intempestiva por grupos independentes de controladores, que acabaram passando por cima da orientação das próprias lideranças. "Esse recuo do governo somente favorece aos radicais, que se fortaleceram muito com a última greve", alertou um sindicalista. De acordo com um dos articuladores do movimento, a suspensão das negociações, como estratégia para enfraquecê-lo, pode acabar provocando efeito contrário. Nesse cenário, os independentes teriam seu projeto de radicalização consolidado.
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