A Coréia do Norte, que no começo do governo Bush tinha plutônio suficiente para uma ou duas armas nucleares, agora tem o bastante para até 13, segundo estudo divulgado na segunda-feira.
A análise conclui que o misterioso regime comunista, que preocupa o mundo com a ameaça de testar um novo míssil de longo alcance, poderá ter mais de 17 armas atômicas até o final do segundo mandato do presidente George W. Bush, em 2009.
O estudo, realizado por David Albright, ex-inspetor de armas da ONU, baseia-se em imagens de satélite que indicam as atividades no reator nuclear de Yangbyon, em relatos da imprensa e em declarações de funcionários norte-coreanos.
O relatório diz que Pyongyang provavelmente não tem plutônio suficiente para os seus próprios fins estratégicos, e que por isso dificilmente o venderá.
Mas, se a produção for mantida nos seus atuais níveis, a miserável Coréia do Norte poderá, "em poucos anos", concluir que há material suficiente para suas armas e que o excedente pode ser exportado.
"Concluímos que a Coréia do Norte tem agora plutônio separado em quantidade estimada suficiente para desenvolver um arsenal nuclear crível, da ordem de 4 a 13 armas nucleares e de tamanho similar ao arsenal nuclear da África do Sul no final da década de 1980, no auge do seu esforço", disseram Albright e o co-autor Paul Brannan.
O relatório foi divulgado pelo Instituto para a Ciência e a Segurança Internacional, presidido por Albright.
Ele conclui que um reator de 50 megawatts, que está em construção, não teve obras significativas nos últimos meses. Quando concluído, esse reator pode decuplicar a produção de plutônio da Coréia do Norte.
Washington avalia oficialmente que Pyongyang tem plutônio para uma ou duas armas nucleares, e reservadamente as autoridades norte-americanas dizem que podem ser até nove.
"Desde o começo do governo Bush e a dissolução do acordo (de 1994) a Coréia do Norte passou de ter plutônio separado suficiente para talvez uma ou duas armas nucleares para o suficiente para entre 4 a 13 armas", disse Albright. "Até o final do governo Bush, a Coréia do Norte pode ter plutônio suficiente para 8 a 17 armas nucleares."
O acordo de 1994, firmado na época do governo Clinton, previa que a Coréia do Norte suspenderia o seu programa de plutônio em troca de dois reatores de água-leve e de carregamentos adicionais de petróleo. O acordo foi cancelado menos de dois anos depois da posse de Bush.
Alguns senadores democratas, temerosos de que o governo republicano tenha menosprezado a ameaça nuclear norte-coreana, pressionam a Casa Branca a divulgar sua atual Estimativa de Inteligência Nacional relativa à capacidade bélica de Pyongyang.
No dia 18 de junho, o diretor de Segurança Nacional dos EUA, John Negroponte, rejeitou o pedido, dizendo que seria necessário remover tantos dados para proteger fontes e métodos que isso tornaria a versão pública "sem sentido".
Além disso, segundo carta de Negroponte obtida pela Reuters, a divulgação poderia "alertar o regime norte-coreano para falhas de inteligência na nossa compreensão dos seus programas, atividades, capacidades e intenções".
Em seu relatório, Albright disse que pouco se sabe sobre a capacidade norte-coreana de fabricar uma arma nuclear, "embora avalie-se como possivelmente capaz de construir uma ogiva nuclear rudimentar para seu míssil Nodong (de médio alcance)".
Entretanto, "poucas evidências sugerem que a Coréia do Norte seja capaz de fazer uma ogiva nuclear leve o suficiente para o míssil Taepodong-2 (de longo alcance, supostamente às vésperas de ser testado)".
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