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Atualizado em 28/03/2006 às 19h35

Na semana em que o governo Lula sofreu um de seus mais duros reveses, com a queda do ministro Antonio Palocci, a CPI dos Correios pode dar uma outra má notícia ao presidente. Apesar da pressão da base governista, o relator, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), já afirmou que pretende citar o presidente Lula porque acredita que o presidente foi informado sobre o suposto esquema do mensalão, mas não tomou as providências necessárias.

O relator-adjunto da CPI deputado Maurício Rands (PT-PE), no entanto, já adiantou que a base aliada não admitirá a insinuação de que Lula foi conivente com o mensalão.

- Se estiver no texto que ele foi informado por Roberto Jefferson e que mandou apurar, tudo bem. Agora, coisa diferente é tirar proveito disso por razões eleitoreiras - disse Rands.

O texto final vai sugerir o indiciamento de mais de cem pessoas envolvidas em irregularidades. Entre elas estarão o publicitário Duda Mendonça e o empresário Marcos Valério. O nome do presidente Lula também deve constar do relatório. A CPI dos Correios adiou para quarta-feira a leitura do relatório final, que seria apresentado nesta terça-feira.

O presidente da CPI, senador Delcidio Amaral (PT-MS) admitiu nesta terça-feira que as "visões diferenciadas sobre os saques e a formação de caixa dois" e as posições divergentes sobre "o foco do mensalão e os indiciamentos" podem causar tumulto na reunião desta quarta, quando deverá ser lido o relatório final da CPI. Ele não descartou a possibilidade de existência de um relatório paralelo elaborado por parlamentares da base governista.

- Pode acontecer sim, apesar de não ser regimental. Mas é fundamental aprovar um relatório conclusivo - disse.

Delcidio e o relator ainda não concluíram a análise do texto que contém quase três mil páginas e reúne as conclusões das investigações realizadas pelas cinco sub-relatorias: Contratos, Fundos de Pensão, Movimentação Financeira, Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) e Normas de Combate à Corrupção.

Delcidio quer votar o relatório na primeira semana de abril, já que os trabalhos da CPI dos Correios terminam dia 10, segundo informações da secretaria da comissão.

- Não podemos deixar repetir o que aconteceu nas outras CPIs que terminaram sem relatório. Isso não seria bom para o Congresso, que já está tão desgastado - disse Delcidio.

Recentemente, a CPI do Banestado e a CPI do Mensalão foram concluídas sem votação do relatório final.

O relator-adjunto Eduardo Paes (PSDB-RJ) afirma que a comissão tem "elementos jurídicos para pedir o indiciamento de várias pessoas" e condenou a possibilidade de a base apresentar um relatório paralelo ao de Serraglio. Mas Maurício Rands adiantou que, se não constar do relatório final que a prática de caixa dois em campanhas políticas com a participação de bancos e do empresário Marcos Valério começou em 1998, com o PSDB e o PFL, em Minas Gerais, os governistas apresentarão um texto complementar.

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