A CPI dos Correios rejeitou nesta quinta-feira a proposta do deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA) de marcar para o próximo dia 24 o depoimento do ex-ministro Luiz Guishiken, cuja convocação já havia sido aprovada de forma consensual na semana passada. À frente da Secretaria de Comunicação de Governo, Gushiken teria tido influência direta na licitação de publicidade vencida pelo empresário Marcos Valério de Souza nos Correios e mesmo sobre investimentos de alguns fundos de pensão.

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Com a ajuda de alguns tucanos, que estrategicamente se ausentaram da sessão na hora da votação, o governo também conseguiu impedir que a CPI aprovasse as convocações do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e do ex-tesoureiro do PT Paulo Okamoto, que quitou um empréstimo de R$ 29 mil que o presidente Luiz Inácio Lula da tinha com o partido. O deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ) foi um dos poucos tucanos que participaram das votações.

Também foram rejeitados os requerimentos de preferência de votação das propostas de quebra de sigilos bancário, fiscal e telefônico de Okamoto, do publicitário Duda Mendonça, de sua sócia Zilmar Silveira e de suas empresas.

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- A base do governo está dando demontrações de que tem muito a esconder. Estamos assistindo ao início da operação abafa. Podem nos derrotar, mas amanhã saberemos que a oposição quer investigar e o governo abafar - denunciou o deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), autor dos requerimentos.

A tropa governista reagiu imediatamente. Aos berros, o deputado Jorge Bittar (PT-RJ) tentou justificar sua posição:

- Estamos votando contra uma molecagem! Vocês trabalhando o tempo todo para tentar envolver o presidente Lula nessa investigação.

A operação do governo impediu ainda a votação da reconvocação do doleiro Antonio Oliveira Claramunt, o Toninho Barcelona, que na última terça-feira prometeu apresentar mais detalhes na CPI sobre as acusações feitas a 14 integrantes da comissão contra o presidente do BC, o ex-ministro José Dirceu e o deputado José Mentor (PT-SP). Condenado a 25 anos de prisão por evasão de divisas, Toninho Barcelona teve um pedido de delação premiada negado pelo Ministério Público.

O corpo mole dos tucanos e mesmo de alguns pefelistas para garantir um depoimento público de Toninho estaria sendo atribuído às suspeitas de que as denúncias do doleiro preso também poderiam atingir figuras ilustres do governo passado. Os petistas, no entanto, assumiram a linha de frente da ação para derrubar a proposta.

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- Esse é o primeiro doleiro com especialização ideológica - reclamou o deputado Henrique Fontana (PT-RS).

Por iniciativa do sub-relator Carlos Abicalil (PT-MT), a CPI dos Correios aprovou o envio de pelo 40 requerimentos para a apreciação da CPI do Mensalão. Entre eles está a convocação do presidente do Grupo Opportunity, Daniel Dantas, que abasteceu a conta da SMP&B Propaganda com R$ 150 milhões. Foram aprovadas ainda a convocação de mais dois doleiros mineiros: Haroldo Bicalho e Jáder Kalid Antônio.