A CPI dos Sanguessugas pode dispensar o depoimento do empresário Luiz Antônio Trevisan Vedoin, marcada para esta terça-feira. Apontado pela Polícia Federal como um dos principais organizadores do esquema de compra superfaturada de ambulâncias com recursos do orçamento da União, ele prestou depoimento à Justiça de Mato Grosso durante toda a semana passada, no qual descreve detalhes do esquema e cita dezenas de parlamentares.
Além de prestar informações ao juiz, que está encarregado do inquérito para apurar o escândalo dos sanguessugas, o empresário apresentou documentos relativos ao caso. O pai do depoente, Darci José Vedoin, seria o responsável pelos contatos políticos, enquanto o administrador dos negócios era o filho.
Nas mãos dos integrantes da CPI
A cópia do depoimento de Vedoin ao juiz Jeferson Schneider, da 2ª Vara da Justiça Federal de Mato Grosso já chegou à CPI. As informações serão usadas no relatório final da comissão O depoimento, o mais longo da Justiça brasileira, gerou 151 páginas. O juiz enviou também seis pastas com documentos entregues por Vedoin no interrogatório, entre os quais cópias de depósitos bancários feitos para deputados e senadores. É um capítulo para cada parlamentar.
Na avaliação do presidente da comissão, deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ), o depoimento e as provas devem ser fundamentais para esclarecer o caso e apontar os responsáveis pelo esquema.
- Se o Ministério Público concordou com a delação premiada é porque essas provas são consideradas fundamentais - disse Biscaia na quinta-feira.
O presidente da CPI recebeu na quinta do procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, lista com 42 nomes de parlamentares sob investigação por terem se beneficiado do esquema de compra superfaturada de ambulâncias com emendas parlamentares. Somado aos 15 congressistas já notificados, chega a 57 o número de parlamentares investigados pela Câmara. Biscaia aguarda aval do Supremo Tribunal Federal (STF) para que possa suspender a quebra do sigilo e divulgar o nome dos acusados da Operação Sanguessuga. Dos 15 já notificados, nove já apresentaram sua defesa à CPI. Essa decisão será do ministro Gilmar Mendes, relator do caso no STF.
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