A CPI do Cachoeira aprovou nesta terça-feira (15) requerimento que pede ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, explicações por escrito sobre a razão pela qual não determinou abertura de investigação contra políticos envolvidos com o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

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Ele terá cinco dias para se explicar. Partiu do relator da CPI, Odair Cunha (PT-MG), a decisão de ouvir Gurgel por escrito, sem a necessidade de ter que depor à CPI.

Da mesma forma, o relator também não permitiu que fossem sequer votados requerimentos de convocação ou quebra de sigilo da sub-procuradora Claudia Sampaio, mulher de Gurgel. Os dois procuradores foram acusados pela Polícia Federal de terem impedido a continuidade de uma investigação acerca dos negócios de Cachoeira, acusado de liderar uma quadrilha que explorava o jogo ilegal e fazia negócios ilícitos com agentes públicos e privados.

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Ambos negam e dizem que partiu da PF o pedido para paralisar os trabalhos de forma que não prejudicasse uma outra investigação em curso tendo Cachoeira como personagem.

O senador Fernando Collor (PTB-AL), um dos defensores da convocação de Gurgel e Claudia Sampaio, criticou a decisão do relator. "Fazer uma CPI para que o procurador responda por escrito? Não precisamos de uma CPI para isso. Vai virar uma casa de noca. Absolutamente não concordo com o requerimento", afirmou.

"O que queremos saber é por qual razão ficou tanto tempo sem investigar", concordou o senador Sérgio Souza (PMDB-PR).

"Quem acha que o procurador prevaricou que proponha o impeachment dele", rebateu o senador Randolph Rodrigues (PSOL-AP), verbalizando a opinião de vários outros colegas que acusam Collor de usar a CPI para atingir a PGR e a imprensa como vingança por ter sido acusado quando presidente da República. "Nosso alvo não é o procurador", complementou o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS).

Na última semana, em resposta a críticas de parlamentares, o procurador atribuiu as críticas a ele a pessoas preocupadas com o julgamento do mensalão --maior escândalo do governo Lula que deverá ser julgado este ano.

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O deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) disse que a CPI insistir em convocar o procurador significará investigar "quem gritou: "Pega ladrão', e não o ladrão".O senador Humberto Costa (PT-PE) também defendeu o relator. "Vamos ter paciência. Se a resposta não vier as condições de trazer o subprocurador e o procurador estarão dadas."

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