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Eduardo Cunha antes da entrevista coletiva em que voltou a atacar o governo federal. | Ueslei Marcelino/Reuters
Eduardo Cunha antes da entrevista coletiva em que voltou a atacar o governo federal.| Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

Pouco depois das 6 horas da manhã desta terça-feira (15), equipes de policiais federais e procuradores da República iniciaram a operação de busca e apreensão de documentos, telefones e computadores nas casas do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e dos ministros do Turismo, Henrique Eduardo Alves, de Ciência e Tecnologia Celso Pansera, entre outras pessoas ligadas ao deputado.

Com Cunha, a Polícia Federal apreendeu três celulares, um laptop, pelo menos um computador e sacolas de documentos. Estão em apuração suspeitas de achaques, supostas tentativas de vender trechos de medidas provisórias, aprovações suspeitas de projetos de lei, além de atuações para atrapalhar investigações criminais e administrativas.

Cunha ataca PT

O presidente da Câmara dos deputados, Eduardo Cunha, associou ao PT a operação que sofreu de busca e apreensão realizada pela Polícia Federal e a derrota no Conselho de Ética.

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Nos celulares estariam recentes conversas de Cunha com o vice-presidente Michel Temer (PMDB), com Henrique Eduardo Alves e com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB). Entre os documentos, estariam pedidos de empresários e instituições sobre projetos de lei e medidas provisórias supostamente negociadas.

Também no início da manhã de ontem, policiais e procuradores fizeram buscas em endereços de apadrinhados de Renan, entre eles o deputado Anibal Gomes (PMDB-CE) e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. Os dois são acusados de receber propina em negociatas na Petrobras. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, chegou a pedir busca na casa de Renan, mas Teori achou a medida desnecessária no momento.

Autorizado pelo STF

As buscas foram pedidas pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal e autorizadas pelo ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato no Supremo.

Ao todo, policiais federais e procuradores apreenderam documentos em 53 endereços de deputados, senadores, ministros, empresários e advogados suspeitos de envolvimento com a corrupção e lavagem de dinheiro desviado da Petrobras. As ações são desdobramentos de sete processos relacionados a nove políticos no exercício de seus mandatos.

Polícia Federal faz busca na casa de Eduardo Cunha

Autorizada pelo STF, nova fase da Lava Jato executa 53 mandados. Além do presidente da Câmara dos Deputados, são alvos os ministros Celso Pansera (Ciência e Tecnologia, PMDB-PA) e Henrique Alves (Turismo, PMDB-RN), o deputado Aníbal Gomes (PMDB-CE), o senador e ex-ministro Edison Lobão (PMDB-MA) e o ex-presidente da Transpetro, Sergio Machado.

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Em relação a Cunha, as buscas foram pedidas em um inquérito classificado como oculto no Supremo. Nesse inquérito, com citações ainda não esclarecidas, estão os ministros Henrique Eduardo Alves, Celso Pansera, o doleiro Lúcio Bolonha Funaro, o deputado Dudu da Fonte (PP-PE), o ex-deputado Alexandre Santos (PMDB-RJ), e o prefeito de Nova Iguaçu, o ex-deputado Nelson Bornier (PMDB).

Cunha e sua tropa de choque são suspeitos de usar estrutura da Câmara para obter vantagens financeiras ou outros benefícios pessoais, em diferentes circunstâncias. Cunha recorreria aos aliados de acordo com a necessidade do momento. Pansera foi acusado de ameaçar filhas do doleiro Alberto Youssef. O objetivo seria intimidar delator da Lava Jato e tentar impedir que ele apontasse o envolvimento de Cunha com a corrupção na Petrobras.

Funaro é suspeito de ajudar Cunha a movimentar dinheiro de origem ilegal. Outros são suspeitos de participar de manobras para aprovar ou rejeitar emendas em medidas provisórias supostamente negociadas com empresários.

O grupo de trabalho da Procuradoria-Geral responsável pela Lava Jato investiga também se integrantes da tropa de choque de Cunha tentaram manipular delações premiadas para proteger o presidente da Câmara de acusações.

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Prejuízo

Recentemente, integrantes do Conselho de Ética denunciaram manobras de Cunha para atrapalhar as investigações. O deputado Fausto Pinato (PRB-SP), primeiro relator do processo de cassação de Cunha se queixou de ameaças e, depois, acabou afastado do cargo.

As buscas podem levar a Procuradoria-Geral a pedir o afastamento de Cunha da presidência da Câmara e do exercício do mandato. A medida vem sendo analisada desde a apresentação da primeira denúncia contra o deputado ao STF, em agosto, e vem ganhando força nas últimas semanas. No entendimento dos procuradores, ao atrapalhar os trabalhos do Conselho de Ética, o presidente da Câmara estaria afetando também o andamento das investigações criminais contra ele no STF.

Em São Paulo, a Polícia Federal cumpriu 15 mandados de busca e apreensão — 13 na região metropolitana e dois no interior do estado. Cerca de 80 policiais apreenderam documentos, computadores e dinheiro em espécie nos endereços citados pela Justiça. Entre os alvos está o escritório na capital paulista de Lúcio Bolonha Funaro, ligado a Cunha. Em entrevista ao jornal o Globo, em junho deste ano, o presidente do grupo Schahin, Milton Schahin, afirmou que o Cunha atuava em parceria com Funaro para atacar sua empresa.

Alvo

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Outro aliado de Cunha, o ex-diretor da Caixa Econômica Federal Fábio Cleto também foi um dos alvos dos mandados de busca e apreensão ontem, em São Paulo. Ele foi exonerado do cargo por Dilma há cinco dias, num gesto visto como retaliação do governo a Cunha, diante do avanço do processo de impeachment. No banco, Cleto era responsável pela administração de loterias federais e dos fundos instituídos pelo governo federal.

O ministro Pansera, em nota, abriu mão de seus sigilos bancários e fiscal e negou as acusações. O ministro Henrique Eduardo Alves se disse surpreso e disse estar sempre à disposição para prestar esclarecimentos. O senador Fernando Bezerra, disse confiar no trabalho das autoridades e acredita no esclarecimento dos fatos. O deputado Áureo Ribeiro (SD-RJ) afirmou não haver fundamento para o mandado contra ele e diz que sua inocência será comprovada. O diretório do PMDB Alagoas informou ter todas suas contas aprovadas e publicadas de maneira transparente.

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