Menos de uma semana após a Petrobras divulgar dados financeiros a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu um processo para analisar informações da companhia. Tudo indica que o órgão regulador do mercado de capitais está pedindo explicações à estatal sobre o balanço, apresentado com dois meses de atraso e ainda sem o aval da auditoria independente PricewaterhouseCoopers.
O novo processo administrativo foi aberto na segunda-feira, a pedido da Superintendência de Relações com Empresas (SEP) da CVM, área técnica responsável por analisar as informações entregues por companhias abertas. Os números divulgados na madrugada da última quarta-feira, 28, causaram polêmica. A Petrobras optou por não realizar baixas contábeis, mas apresentou cálculos estimando que R$ 88,6 bilhões em ativos da companhia estão superavaliados, embora nem todo esse valor seja decorrente de corrupção.
Outra metodologia usada para calcular possíveis baixas levou em conta os 3% de pagamento de propina mencionados nos depoimentos feitos em delação premiada acerca dos contratos celebrados entre a estatal e 23 empresas, chegando ao valor de R$ 4 bilhões. No dia seguinte a presidente Graça Foster disse em coletiva de imprensa que o montante pode ser maior.
Questionada sobre a metodologia de cálculo usada pela Petrobras no balanço, a CVM informou que compete à administração da companhia "elaborar demonstrações financeiras que resultem na evidenciação de informações fidedignas sobre a situação financeira, patrimonial e o desempenho da sociedade". Ou seja, caberia à Petrobras definir a metodologia adequada para contabilizar as baixas contábeis. Isso não impede que o regulador faça questionamentos à empresa.
Apesar de ter publicado os dados do terceiro trimestre de 2014 a Petrobras continua em débito com a CVM. As regras brasileiras determinam que os números devem ser auditados por uma empresa independente. Sem a assinatura da PwC, portanto, as demonstrações financeiras são um documento sem valor.
Desde o fim do ano passado a CVM toca um inquérito administrativo para investigar responsabilidades de administradores da Petrobras, após ter identificado indícios de irregularidades relativas às denúncias de corrupção feitas na Operação Lava
Jato e a pagamentos irregulares da fornecedora holandesa SBM Offshore. O inquérito corre em sigilo, sem a identificação de nomes de executivos ou conselheiros de administração envolvidos. A ideia é aprofundar as investigações para fazer acusações mais consistentes.
Além disso, a autarquia continua conduzindo outros processos para analisar os fatos recentes envolvendo a Petrobras, como a política de preços adotada pela estatal e possíveis irregularidades no Comperj e na refinaria Abreu e Lima. Também estão na mesa da CVM reclamações enviadas pelos conselheiros de administração independentes da estatal Mauro Cunha e José Monforte, relativas à suspensão da reunião do conselho em 31 de outubro de 2014.
Na segunda-feira, além do processo aberto a pedido SEP foi iniciada uma outra apuração a partir da reclamação de um investidor da empresa não identificado. Com isso, agora há um inquérito e seis processos administrativos não sancionadores (para análise preliminar e ainda sem cunho acusatório) em curso na CVM para apurar situações recentes envolvendo a petroleira.
- Ex-contadora de Youssef confirma contrato de R$ 2 milhões com Engevix
- Delator afirma que cartel de empreiteiras na Petrobras era "autônomo"
- Dilma admite saída de Graça, mas reluta em demiti-la imediatamente
- Delegado da Lava Jato nega irregularidades em quebras de sigilo telefônico
- Delator confirma R$ 12 milhões em propina e diz ser "a regra do jogo"
- Ex-contadora de Youssef diz que empresa utilizada por doleiro não prestava serviços
- Empresário confirma ter pago propina para obter contratos na Petrobras
- PF suspeita que Youssef fumou maconha na prisão
- Graça Foster será substituída na Petrobras, diz jornal
- Youssef propõe acareação com seu ex-sócio
Hugo Motta troca apoio por poder e cargos na corrida pela presidência da Câmara
Eduardo Bolsonaro diz que Trump fará STF ficar “menos confortável para perseguições”
MST reclama de lentidão de Lula por mais assentamentos. E, veja só, ministro dá razão
Inflação e queda do poder de compra custaram eleição dos democratas e também racham o PT