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Gustavo Fruet foi visto no horário eleitoral gratuito visitando casas modestas de curitibanos. Nas conversas, tentava ligar uma possível administração sua aos ganhos percebidos pelo povão na gestão de Dilma. Fruet dizia que as pessoas já percebiam mudanças no próprio bolso. E que seu papel como prefeito seria conseguir melhorias semelhantes àquelas, mas que fossem sentidas "da porta para fora".

Era óbvio o que o candidato estava tentando fazer. Primeiro, ligando seu nome ao de Dilma para tentar conquistar a periferia, já que é mais forte apenas entre a classe média (e como alguém já disse, a classe média, sozinha, não elege ninguém). Como achou que não podia prometer nada ligado à economia (área do governo federal), falava em melhorar a cidade: trânsito, transporte, escola, posto de saúde...

E havemos de convir que a estratégia não funcionou. Enquanto isso, Ratinho Jr. nada de braçada. E por quê? Futuros pesquisadores terão de se debruçar sobre pesquisas para responder com mais certeza. Mas uma possibilidade é: Ratinho fez exatamente o contrário de Fruet. E prometeu melhorias que o sujeito poderia sentir da porta da casa para dentro.

A simplicidade das propostas de Ratinho é espantosa. Para a educação, por exemplo: pouco (ou nada) se ouve no programa dele sobre orçamento, sobre investimentos, sobre técnicas pedagógicas. Apenas isso: as crianças ganharão um par de tênis, uniforme e material escolar de graça. Ah, claro, e as mães poderão pegar seus filhos na creche até 19 horas. Só.

No fundo, parece que a população pode estar passando um recado para os candidatos. O que eles querem não é alguém que resolva os problemas "da porta para fora". Fruet está na coligação de Dilma e pode até dizer que fará pela cidade o que o governo petista fez pelo bolso do cidadão. Mas o que o eleitor quer é saber de mais alívio para o seu bolso.

O marketing da campanha de Ratinho parece ter descoberto isso. E parece ter percebido também que as pessoas, quando assistem ao horário eleitoral gratuito, não têm capacidade para decorar 200 propostas: uma para cada regional, uma para cada escola, uma para cada rua. É preciso martelar bem duas ou três coisas que interessem muito ao distinto cidadão.

E quem é que vai criticar o sujeito que decide assim o seu voto? Primeiro, é preciso levar em conta que a tal diminuição da miséria na cidade (e em 65%!) tirou muita gente da pobreza extrema, é verdade. Mas a maior parte continua pobre. É gente que precisa mesmo de uma força para chegar ao fim do mês. Aí vem um sujeito prometendo 30% do orçamento na educação e outro com um sapato de graça. Quem ele vai escolher? Ele sabe o que significa 30% do orçamento? O tênis ele bem sabe quanto custa.

Curitiba é uma cidade cheia de bairros operários, lotada de pessoas que lutam para fechar o mês com o dinheiro curto. Enquanto a maior parte da população estiver nessas condições, as promessas mais simples continuarão fazendo efeito. Desde que tenham a ver com o bolso do camarada e com as coisas que ele precisa pôr para dentro de casa.

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