O governador interino do Distrito Federal, Paulo Octávio, reuniu deputados distritais no final da manhã deste sábado (20) para pedir apoio político. Dos 24 deputados que foram convidados para a reunião, apenas cinco compareceram. Paulo Octávio assumiu o GDF na quinta-feira (11) da semana passada.
Suspeito de comandar o suposto esquema de pagamento de propina, o governador José Roberto Arruda (sem partido/ex-DEM) foi afastado do governo e está preso desde quinta-feira (11) na Superintendência da Polícia Federal. Ele foi acusado de tentar subornar uma testemunha do caso. Na sexta-feira (12), o ministro Marco Aurélio Mello negou habeas corpus a Arruda em caráter liminar (provisório).
No mesmo dia em que assumiu o governo, quatro pedidos de impeachment contra o Paulo Octávio chegaram à Câmara Legislativa. O governador interino é citado em conversas de assessores e empresários com Durval Barbosa. Em um dos vídeos gravados, Gilberto Lucena, dono da Linknet, uma das empresas que financiava o suposto esquema de pagamento de propina, questiona a parte que ficaria com Paulo Octávio.
Em busca de apoio, o governador em exercício queria o aval do presidente Lula. O primeiro pedido de reunião foi feito antes do carnaval. Manifestantes sugeriram que o presidente desse um bolo em Paulo Otávio. Mas, na última quinta-feira (18), o encontro finalmente aconteceu. Não como Paulo Otavio queria. Saiu sem o esperado apoio político.
"Em nenhum momento o presidente emitiu qualquer opinião sobre hipótese de renúncia do governador Paulo Octávio. O presidente deixou muito claro que, nesse momento, não iria emitir opinião sobre os rumos do GDF. Ele aguarda decisão da Justiça", disse o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha.
Paulo Octávio também enfrenta a pressão do partido dele, o Democratas. Para não ser expulso, vai se desfiliar. Na última quinta, chegou a entregar à líder do DEM na Câmara uma carta de renúncia e chamou assessores para o anúncio de que deixaria o governo. Desistiu na última hora.
"Eu aguardo mais alguns dias, como me recomendou o presidente Lula, para que possamos ter o quadro das decisões que a Justiça deverá apresentar na próxima semana. Aí sim, tomaremos as decisões que forem necessárias", disse o governador em exercício.
Desmentido pelo Palácio do Planalto teve que dizer que se confundiu e correr atrás do apoio dos secretários de governo. Depois da reunião de ontem, em que foram definidos cronogramas de obras e inaugurações, mandou um recado.
"Ela também é uma maneira de mostrar para o Ministério Público Federal que o pedido de intervenção é, talvez, um pedido fora de propósito. Se o governo não estivesse funcionando, se não estivesse funcionando as escolas, a saúde, a segurança. Se as obras não estivessem em andamento e se os salários não tivessem sendo pagos, aí era uma situação. Mas o governo está funcionando", argumentou o secretário de Comunicação, André Duda.
"Se não for ele vai ser quem? O presidente da Câmara? Tem que haver uma definição a curtíssimo prazo. E se ele demonstrou vontade de permanecer, eu não vejo razão para que ele não receba esse apoio", disse o secretário de Educação Integral Afonso Brito.
Impeachment
Paulo Octávio tem o apoio dos secretários, mas a situação dele pode se complicar na Câmara Legislativa, onde há seis pedidos de impeachment contra ele. Desses, três já foram aceitos pelos deputados.
A Câmara quer mostrar que está colaborando com as investigações e pode, inclusive, votar um projeto de decreto legislativo para permitir que José Roberto Arruda seja processado sem a autorização dos distritais, como prevê a Lei Orgânica do DF.
O Ministério Público Federal não esperou essa autorização para entregar a segunda denúncia contra Arruda no Superior Tribunal de Justiça (STJ), responsável pelo inquérito.
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