Menos de 15 dias após deixar a prisão e condenado pelos crimes de “vias de fato” e “lesão corporal” contra sua ex-companheira Tatiane Bittencourt, Osmar Bertoldi (DEM) já se instalou na Câmara dos Deputados, ocupando uma das vagas de suplente abertas na bancada do Paraná. Oficialmente, o seu mandato na Casa começou no último dia 1º, mas, devido ao feriado, o parlamentar só foi ganhar um gabinete nesta terça-feira (8), o de número 268, que era do deputado federal Marcelo Belinati (PP-PR), transferido para uma sala em outro anexo da Casa.
Embora ele esteja ocupando temporariamente a vaga de Valdir Rossoni (PSDB), licenciado desde março, Bertoldi já ficou no gabinete de Belinati porque o pepista vai deixar definitivamente o mandato até o final do ano, passando a titularidade da cadeira para as mãos do parlamentar do DEM, hoje apenas na condição de “suplente em exercício”.
Eleito prefeito de Londrina nas urnas em outubro, Belinati tem dito que vai renunciar ao mandato em Brasília no último dia de dezembro. Nas eleições de 2014, Bertoldi obteve 81.789 votos, ficando como o primeiro suplente da coligação formada por PSDB, DEM, PR, PSC, PTdoB, PP, SD, PSD e PPS.
Na primeira sessão deliberativa do plenário da Câmara dos Deputados desde Finados, a Casa registrava nesta terça-feira (8) a presença de mais de 400 deputados federais no painel eletrônico, incluindo Bertoldi. Mas o parlamentar do DEM não acompanhou toda a sessão.
Parlamentares da mesma bancada relatam que, à tarde, o viram passar pelo plenário, cumprimentando e conversando com colegas. Mas ele não foi ao microfone para os debates do dia – que foram da regulamentação do serviço do Uber e da flexibilização do horário da “Voz do Brasil”, até a participação da Petrobras nas operações do pré-sal.
Ex-deputado estadual, o parlamentar do DEM sempre teve uma atuação discreta no parlamento paranaense, onde raramente usava a tribuna para discursos. Em contato com assessores de Bertoldi desde segunda-feira (7), a reportagem não conseguiu entrevistá-lo. Alega-se que, “neste primeiro momento”, ele não desejaria falar com a imprensa.
Defesa de ex-companheira já pediu recurso ao STF
Osmar Bertoldi foi condenado no final do mês passado pela juíza Taís de Paula Scheer pelos crimes de vias de fato e lesão corporal contra a DJ Tatiane Bittencourt, 36 anos, com quem vivia em união estável, em Curitiba. Formada em administração, a DJ tentou se eleger vereadora em Curitiba pelo PR, nas eleições de outubro. Mas fez 324 votos e ficou como suplente.
No mesmo processo, Bertoldi também foi acusado pelos crimes de ameaça, constrangimento ilegal, estupro e cárcere privado, mas a magistrada o absolveu por “falta de provas”, segundo a defesa de Tatiane. Todo o processo corre em sigilo.
O advogado de Tatiane na esfera criminal, Vicente Bonfim, informou que já recorreu da decisão. O recurso deve ser encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF), já que agora, como deputado federal, ele detém foro privilegiado.
A defesa de Bertoldi, feita pelo advogado Claudio Dalledone Junior, também recorreu da sentença. O parlamentar nega ter praticado os crimes.
A pena aplicada contra Bertoldi pelos dois crimes foi de seis meses de prisão em regime aberto. Na esteira da sentença, ele acabou solto no final do mês passado, pois já estava detido desde fevereiro, por descumprir medidas protetivas definidas para Tatiane.
Após a soltura do parlamentar, as medidas protetivas foram renovadas por mais seis meses, período no qual Bertoldi não pode se aproximar de Tatiane e de familiares dela, e nem entrar em contato com a DJ por nenhum tipo de meio.
“Ela ficou bastante preocupada com a liberdade dele, com certo receio do que podia acontecer. Mas o fato de ele ter ido para Brasília, para outra cidade, acabou ajudando”, disse Vicente Bonfim, à reportagem.
O advogado Luiz Guilherme Costa Pellizzaro, que também atua em defesa de Tatiane, mas na esfera cível, explicou à reportagem que ela ainda pede “uma indenização de cunho moral pelos crimes sofridos”. O caso também corre de forma sigilosa, razão pela qual o advogado argumentou que não poderia dizer qual era o valor sugerido pela defesa.
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