Os ataques da dupla Gleisi Hoffmann (PT) e Carlos Moreira (PMDB), considerados os mais ferrenhos adversários do prefeito Beto Richa (PSDB) na eleição deste ano, foram mais amenos do que o esperado no debate promovido ontem à noite pela Band TV. Mas já deram o tom dos principais temas que vão pautar a campanha eleitoral. Falhas no sistema de transporte coletivo, filas nos postos de saúde, falta de vagas nas creches e aumento da criminalidade foram apontados pelos candidatos como os principais problemas de Curitiba. Mas, apesar das críticas, poucas propostas concretas foram apresentadas. Já o prefeito rebateu as críticas citando obras realizadas durante sua gestão.
Outra característica que marcou o debate foi a tentativa de pelo menos dois candidatos de "colarem" suas imagens à de seus padrinhos políticos. Gleisi Hoffmann tentou vincular sua candidatura ao presidente Lula, destacando os recursos que o governo federal já repassou a Curitiba para construção de postos de saúde e para o projeto de licitação do metrô. A mesma estratégia foi usada pelo candidato Carlos Moreira Júnior (PMDB), que elogiou o governador Roberto Requião (PMDB). Moreira prometeu realizar uma administração em parceria com o governo estadual.
O peemedebista começou o debate partindo para um confronto mais direto com o prefeito. Escolheu Beto Richa para questionar os gastos de R$ 30 milhões em propaganda da prefeitura. Ouviu do prefeito que estava mal informado porque o valor é gasto em publicidade para divulgar, por exemplo, campanhas de vacinação. O tucano fez uma provocação indireta ao governador ao afirmar que não tem necessidade de autopromoção.
Num discurso muito parecido ao de Carlos Moreira, Gleisi Hoffmann também questionou os gastos da prefeitura em propaganda e disse que o dinheiro deveria ser usado para resolver a falta de 45 mil vagas nas creches. Ao defender que é preciso "cuidar das nossas crianças", sugeriu a locação de espaços para abrir novas vagas. O prefeito contestou os números e afirmou que faltam apenas 9,2 mil vagas, que serão abertas até o fim deste mandato.
A fala de Gleisi foi centrada na demora da prefeitura em realizar a licitação para o metrô e nas filas dos postos de saúde. "De nada adianta novos prédios e sistemas velhos." Ela defendeu, de forma genérica, a contratação de mais médicos e a construção de novos postos. As mesmas propostas foram apresentadas por Carlos Moreira, que propôs ainda a realização de mais campanhas preventivas e parcerias com hospitais universitários.
O prefeito disse que a administração foi além do compromisso da campanha passada de construir 25 postos de saúde. Afirmou que chegará a 50. Segundo ele, as unidades 24 horas foram transformadas em hospitais e 1.600 profissionais de saúde foram contratados. "Temos filas em algumas unidades porque recebemos pessoas da região metropolitana e até do interior. Quanto mais melhoramos a qualidade, mais aumenta a procura", disse Richa, justificando as filas.
O candidato Fabio Camargo (PTB) apresentou propostas ousadas, como cortar 80% dos cargos comissionados na prefeitura, fazer eleição direta para as administrações das regionais, instalar módulos policiais e asfaltar todas as ruas da cidade. Ricardo Gomyde (PCdoB) falou mais da área que tem familiaridade: o esporte. Defendeu oportunidades para os jovens, com mais acesso a atividades na área de lazer, esporte e cultura além de programas de contratação de professores de educação física para atuarem nos bairros. Isso ajudaria a reduzir os índices de criminalidade.
Maurício Furtado (PV), candidato do partido presidido por Melo Viana, ex-assessor especial do governador Requião, partiu para uma linha crítica a Beto Richa. Levantou dúvidas sobre a ligação do prefeito com seus doadores de campanha. Bruno Meirinho (PSol) disse que a cidade tem "catracas" que precisam ser rompidas e classificou o transporte coletivo como caótico. Propôs o passe livre para estudantes. Já Lauro Rodrigues (PTdoB) teve muita dificuldade para se expressar e não conseguiu apresentar propostas de forma detalhada.