A defesa de Vanessa Domingues de Oliveira e Tatiane de Souza, que trabalhavam como funcionárias da Valor Construtora até o escândalo da Operação Quadro Negro vir à tona, pretende levar o caso à Justiça Federal. Um dos advogados das funcionárias, Haroldo Nater, disse que não acredita que o caso terá algum desdobramento se permanecer no âmbito de órgãos estaduais. “Só acredito na possibilidade de uma apuração real dos fatos se isso sair do Paraná. O aparato estadual de pressão pode fazer com que tudo isso acabe em pizza”, declarou.
A advogada Alexssandra Saldanha, à frente da defesa das funcionárias, lembra que parte do dinheiro fornecido à Valor Construtora para a execução de obras em escolas estaduais saiu dos cofres do governo federal, por meio de convênios com o governo do Paraná. Segundo o Gaeco, cerca de R$ 18 milhões foram desviados dos contratos.
Deflagrada em meados do ano passado, a Operação Quadro Negro rendeu uma única denúncia formal, em 30 de dezembro último, à 9.ª Vara Criminal de Curitiba. A denúncia, contra 15 pessoas, é resultado de uma investigação feita primeiro pelo Nurce (Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos), da Polícia Civil, e depois pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço do Ministério Público do Paraná (MP). A investigação continua, mas parte dela foi encaminhada para a Procuradoria-Geral de Justiça e também para a Procuradoria-Geral da República, em Brasília, devido ao foro especial de autoridades citadas nos depoimentos.
Na lista de denunciados, estão Vanessa e Tatiane, que colaboraram com as investigações até agora e tentam firmar um acordo de colaboração premiada. Tatiane figurou como sócia-proprietária da empresa entre abril de 2013 e janeiro de 2015, de acordo com registros na Junta Comercial do Paraná. Vanessa continuaria como única proprietária da construtora. As duas, contudo, alegam que são meras laranjas do verdadeiro dono da empresa, Eduardo Lopes de Souza, também denunciado.
Na denúncia, o Gaeco ainda registra uma oferta de dinheiro – R$ 700 mil – que Viviane Lopes de Souza, irmã de Eduardo e engenheira responsável da empresa, teria feito às laranjas, para que elas não fizessem o acordo de colaboração premiada. O caso foi relatado pelas próprias funcionárias ao Gaeco.