No dia em que o ministro do Esporte, Orlando Silva, perdeu o emprego o seu acusador mais veemente desistiu de fazer as denúncias contra ele na Comissão de Fiscalização e Controle na Câmara dos Deputados. O policial militar João Dias Ferreira disse que a sucessão de acusações de fraudes em convênios no ministério fizeram com que seu depoimento não fosse mais necessário e cancelou na última hora sua presença.
"Considero que os últimos acontecimentos referentes à crise no referido ministério esvaziaram o propósito de meu comparecimento perante esta ilustre comissão. Desde o início, coloquei-me à disposição para expor detalhes do esquema do qual fui, juntamente com a população brasileira, uma vítima", afirmou ele em carta enviada ao presidente da comissão, deputado Sérgio Brito (PSC-BA).
A desistência do delator provocou reação de deputados do PCdoB, partido de Orlando Silva. "O acusador mostra que não tem provas. Não está aqui porque não tem provas, assim como não teve provas para levar à Polícia Federal", disse o líder na Câmara, Osmar Júnior (PI).
A oposição mostrou-se decepcionada com a ausência. Deputados do PSDB e do DEM passaram a usar em relação a João Dias Ferreira o mesmo adjetivo utilizado pelo ministro, o de "bandido". O policial é acusado de desvio em convênios com o ministério e a pasta cobra ressarcimento de cerca de R$ 3 milhões aos cofres públicos. Os oposicionistas ressaltaram, porém, que a situação delicada de Orlando não se devia apenas a essa denúncia, mas à sucessão de notícias de desvios e irregularidades em convênios da pasta.