O delegado Armando Braga de Moraes, da Delegacia de Delitos de Trânsito (Dedetran), encaminhou à Justiça, na tarde desta segunda-feira (6), um pedido de prorrogação por mais 30 dias do prazo para conclusão do inquérito sobre o acidente envolvendo o ex-deputado Fernando Ribas Carli Filho. A delegacia ainda espera a conclusão de laudos do instituto de criminalística. O acidente provocado Carli Filho e que deixou dois jovens mortos completa dois meses na terça-feira (7).
Segundo o delegado, o laudo do local de morte deve descrever como estavam os veículos e as vítimas depois do acidente. Outro documento vai descrever a trajetória e ângulo de visão que cada veículo tinha em relação ao outro no momento da batida. A perícia também deve apontar em que velocidade o ex-parlamentar dirigia. "São peças formais e fundamentais para a conclusão do que realmente aconteceu", explicou Armando Braga, segundo a Agência Estadual de Notícias (AENotícias), órgão responsável pela divulgação das informações oficiais do governo do estado.
Ainda não há previsão de quando os laudos serão concluídos. "Não temos uma previsão certa, porém neste momento o que mais conta é a precisão do material. Os técnicos estão trabalhando cuidadosamente para que os laudos sejam muito precisos, por isso, o tempo neste caso não é o mais importante", comentou.
A família de Gilmar Rafael Souza Yared, uma das vítimas, informou que vai se reunir com Carlos Roberto Martins de Lima, diretor do instituto de criminalística, na terça-feira. Eles querem prioridade na conclusão dos laudos do acidente. Os pais de Gilmar entregarão ao diretor uma cópia do laudo feito por um perito particular.
Para o advogado Elias Mattar Assad, que representa a família, o inquérito já contém elementos suficientes para ser finalizado e enviado ao Ministério Público. A investigação, que normalmente tem a duração de 30 dias, já foi prorrogada uma vez. Em 7 de junho, o inquérito não foi concluído pois o ex-deputado estava internado e não pode ser ouvido pela polícia. Carli Filho prestou depoimento dois dias depois e afirmou não se lembrar de nada do dia do acidente.
Durante a noite de 22 de junho, a polícia realizou a reconstituição do acidente. A analise preliminar apontou que o carro do ex-deputado "decolou" pelo menos dez metros antes de se chocar com o carro onde estavam Gilmar e Carlos Murilo de Almeida.
Dois jovens morreram; deputado renunciou
O violento acidente aconteceu na madrugada do dia 7 de maio. O então deputado dirigia um Volkswagen Passat de cor preta, que acabou batendo contra um Honda Fit de cor prata. Após a colisão, os carros foram parar em uma via local paralela à Monsenhor Ivo Zanlorenzi. Pedaços de lataria, vidros e ferros ficaram espalhados por cerca de cem metros. Os dois ocupantes do Honda, morreram no local.
O acidente ganhou repercussão nacional após a Gazeta do Povo revelar que Carli Filho tinha 130 ponto na carteira de habilitação e do exame do Instituto Médico Legal informar que ele conduzia o veículo em estado de embriaguez. O caso resultou na primeira renúncia de um deputado estadual na história do Paraná. Além disso, expôs um histórico de multas de políticos e de 68 mil cidadãos que dirigiam com a carteira de habilitação suspensa.
Depois da colisão, o governo do estado anunciou que passaria a "caçar" os motoristas não devolvessem carteiras de habilitação suspensa 48 horas depois de serem notificados. A Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) anunciou que poderia inclusive prender sob flagrante de crime de desacato quem não devolvesse o documento.
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