O advogado que representa a família de Gilmar Yared, uma das vítimas da colisão de trânsito com o carro dirigido pelo então deputado Fernando Ribas Carli Filho em Curitiba no mês passado, entregou nesta sexta-feira (26) uma requisição formal à URBS pedindo para que os radares da região do acidente sejam periciados. O documento ainda requisita dados sobre "fabricantes, marcas e modelos, certificados de aferição do Inmetro e limites históricos de velocidades máximas de cada um deles".
Reportagem da Gazeta do Povo de quinta-feira (25) revelou, baseada em um ofício da própria URBS, que o sistema de registro automático de placas, que detecta até mesmo os carros que passam abaixo da velocidade, apresentou falhas nas horas anteriores ao acidente. Um radar a 600 metros do acidente não traz dados sobre veículos que passaram pela faixa 1, a mais próxima do aparelho. Um outro radar nas proximidades detectou apenas veículos que passaram pela faixa 1, mas omite as placas.
O ofício entregue nesta tarde ainda pede para que "seja franqueado acesso aos sistema de armazenamento de dados da empresa terceirizada Consilux (responsável pelos radares de Curitiba), para os técnicos de informática do Ministério Público do Paraná e os indicados pelos postulantes, para esclarecimentos técnicos elucidativos".
A assessoria de imprensa da URBS afirmou que colocará à disposição prontamente todos os dados. No caso do banco de dados da Consilux, a lei determina que o acesso só pode ser dado sob autorização da Justiça. Segundo a assessoria de imprensa, o presidente da URBS, Marcos Isfer, sugeriu aos representantes da família que façam o pedido judicial por meio do Ministério Público.
"Se o advogado quer fazer uma perícia particular não há problema algum, estará à disposição assim que ele fizer o pedido oficialmente, dentro dos trâmites legais", disse Isfer em entrevista dada na semana passada.
Do acidente à renúncia
O acidente aconteceu na madrugada do dia 7 de maio. O deputado dirigia um Volkswagen Passat de cor preta, que acabou batendo contra um Honda Fit de cor prata. Após a colisão, os carros foram parar em uma via local paralela à Monsenhor Ivo Zanlorenzi. Pedaços de lataria, vidros e ferros ficaram espalhados por cerca de cem metros. Os dois ocupantes do Honda, morreram no local.
O acidente ganhou repercussão nacional após a Gazeta do Povo revelar que Carli Filho tinha 130 ponto na carteira de habilitação e do exame do Instituto Médico Legal informar que ele conduzia o veículo em estado de embriaguez. O caso resultou na primeira renúncia de um deputado estadual na história do Paraná. Além disso, expôs um histórico de multas de políticos e de 68 mil cidadãos que dirigiam com a carteira de habilitação suspensa.
Depois da colisão, o governo do estado anunciou que passaria a "caçar" os motoristas não devolvessem carteiras de habilitação suspensa 48 horas depois de serem notificados. A Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) anunciou que poderia inclusive prender sob flagrante de crime de desacato quem não devolvesse o documento.
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