O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares chegou pouco antes das 14h à Polícia Federal para falar sobre o depósito de R$ 1 milhão em dinheiro feito pelo PT em 17 de maio na conta da Coteminas, empresa do vice-presidente da República José Alencar. Delúbio, que estava acompanhado da advogada Flávia Rahal, parecia tranqüilo e não quis falar com a imprensa. Ele será ouvido pelo delegado Luiz Flávio Zampronha. O dinheiro seria parte de uma dívida de R$ 12 milhões contraída pelo fornecimento de 2,75 milhões de camisetas, em 2004, usadas em campanhas eleitorais.

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Zampronha já ouviu as explicações do executivo da Coteminas Josué Gomes da Silva, filho de José Alencar, que esteve quarta-feira na Polícia Federal para mostrar documentos que provam que a empresa documentou o recebimento do R$ 1 milhão como parte de uma dívida de R$ 12 milhões do PT. O delegado teria ficado satisfeitos com o depoimento de Josué e agora quer ouvir Delúbio.

Enquanto isso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem se queixado de que quando parece que tudo de errado feito pelo PT já era de conhecimento público, aparecem novas denúncias e novas irregularidades. A assessores próximos, o presidente disse que era muito grande seu constrangimento neste último episódio, principalmente porque envolveu a vida empresarial de seu vice. O que mais tem incomodado o presidente é a falta de previsibilidade, pois sempre surgem o que ele chamou de "novos desdobramentos".

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- É do jogo perder na política. Agora perder por causa de um imbróglio desse tipo é inaceitável - lamentou Lula para um amigo, já prevendo as dificuldades que o PT terá nas eleições do ano que vem.

Aliados de Lula no Congresso reconheceram que o episódio incomodou muito o presidente.

- Essa é mais uma decepção para o presidente. O PT tem que esclarecer isso. Agora, Lula não tem responsabilidade com isso. É uma dívida contraída pelo PT com a Coteminas - disse o vice-líder do governo, deputado Sigmaringa Seixas (PT-DF).

O deputado Devanir Ribeiro (PT-SP), amigo de Lula, também confirma o constrangimento do presidente, mas ressalta que a Coteminas também tem sua parcela de responsabilidade.

- Tudo isso criou um mal-estar no governo e especialmente para o presidente Lula. Até porque envolve a empresa do vice, José Alencar. Agora, o problema também está em quem recebeu o dinheiro. O Delúbio pagou pelo caixa dois, mas a Coteminas deveria ter questionado - observou Devanir Ribeiro.

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