Após horas reunidos, a cúpula do Democratas não tomou nenhuma posição sobre o futuro do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda.
A única decisão foi ter uma definição na terça-feira, no âmbito da Executiva Nacional do partido. Os líderes das bancadas no Congresso, além do senador Demóstenes Torres (DEM-GO), defenderam sua expulsão imediata. Outros membros da cúpula não foram a favor da ideia, ao menos inicialmente.
Arruda foi flagrado recebendo dinheiro de origem supostamente ilícita, mas nega acusações de corrupção e de tentar comprar a consciência de parlamentares de sua base aliada.
Aos colegas de legenda, o governador --o único da sigla-- afirmou que não se licencia do DEM e manifestou o desejo de se candidatar à reeleição no ano que vem. Segundo relatos, ele ponderou que a desfiliação seria um reconhecimento de culpa.
"Acho que tenho condições de mostrar a verdade, minha inocência, e ganhar as eleições", teria dito Arruda, segundo descreveu José Agripino (DEM-RN), líder da bancada no Senado.
Os Estados de São Paulo e Bahia --com enorme peso sobre a executiva-- devem ditar o comportamento do encontro, previsto para ocorrer à tarde.
Acompanhado de advogados, Arruda deu sua versão para as acusações diante dos colegas. Declarou ter sido chantageado por Durval Barbosa, um de seus secretários e delator do esquema, e assegurou ter encaminhado ao Tribunal Superior Eleitoral a prestação de contas do que havia recebido. Ele, seu vice, Paulo Otávio (DF), e outros políticos são investigados pela Polícia Federal na operação Caixa de Pandora.
Arruda foi flagrado em vídeo recebendo um maço de dinheiro. O presidente da Câmara Legislativa do DF, Leonardo Prudente, aparece em outro vídeo colocando cédulas embaixo de sua meia.
A divulgação das imagens trouxe constrangimento ao partido, o antigo PFL, refundado em 2007 justamente sob a bandeira da ética, um dos pilares do novo estatuto.
"É tudo muito grave. É por isso que o partido vai se reunir amanhã para deliberar um caminho", afirmou o presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), presente a todas as reuniões do dia.
Um dos caminhos é o afastamento temporário do governador da legenda. Se for expulso, não poderá se candidatar à reeleição em 2010, como disse ainda desejar.
"Cada vez que se procrastinar a decisão, mais vai deixar o partido exposto a algo que ele não tem nada a ver com isso", disse o líder da bancada na Câmara, Ronaldo Caiado (DEM-GO).
"O partido não pode ficar divido", acrescentou Caiado, para quem Arruda não pode permanecer na legenda.
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