Luiz Abi (à esquerda), na primeira vez em que foi preso. Na ocasião, ele ficou calado no depoimento.| Foto: Gilberto Abelha/Jornal de Londrina

O depoimento do empresário Luiz Abi Antoun, que se apresentou na noite de quinta-feira (11) ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), é o mais esperado da segunda fase da Operação Publicano. As investigações mostram que auditores fiscais da Receita e contadores teriam formado uma “organização criminosa” para facilitar a sonegação mediante o pagamento de propina.

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Parente distante do governador Beto Richa (PSDB), Luiz Abi seria o cabeça do esquema na Receita. Em março, quando foi preso em outra investigação, ele permaneceu em silêncio no depoimento. À época, ele havia sido preso pela Operação Voldemort, que apura suposta fraude em licitação do Departamento de Transportes, órgão da Secretaria Estadual de Administração e Previdência (Seap).

O empresário chegou a ser considerado foragido na segunda fase da Operação Publicano, mas se apresentou na noite de quinta-feira, véspera de feriado em Londrina. Ele era esperado pelo delegado Alan Flore e pelo promotor Jorge Costa, coordenador do Gaeco. Segundo o promotor, Luiz Abi alegou que estava em São Paulo e que iria se apresentar na tarde de quinta-feira, mas não conseguiu. Na mesma tarde, o advogado dele, Antonio Carlos Coelho Mendes, procurou o juiz da Vara de Execuções Penais, Katsujo Nakadomari, para saber onde Luiz Abi ficaria preso caso se entregasse.

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Luiz Abi foi instalado em uma cela individual da Penitenciária Estadual de Londrina I e vai ficar isolado até ser chamado a depor. Ele não recebeu visitas na sexta-feira (12) e no sábado (13), o que só será possível a partir desta semana.

“Eminência parda”

Considerado “eminência parda” no governo Richa, Luiz Abi teria influência direta na escolha de nomes para o comando da Receita Estadual, conforme declaração do auditor Luiz Antônio Souza, em acordo de delação premiada firmado com o Gaeco em maio. De acordo com as investigações, ocupar cargos de chefia era importante para o grupo de auditores manter o esquema de corrupção.

Ainda segundo Souza, com o conhecimento de Abi, auditores fiscais teriam recolhido propina junto a empresários que tinham dívidas com o Fisco para a campanha de Richa à reeleição. O auditor afirma que o esquema teria alimentado a campanha do tucano com R$ 4,3 milhões obtidos dessa forma. Segundo o delator, o dinheiro seria entregue ao ex-inspetor-geral de fiscalização da Receita Estadual, Márcio de Albuquerque Lima, que faria o repasse a Abi.