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O que pesa contra o senador
1.ª Suspeita
Renan teria despesas pessoais pagas pelo lobista Cláudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior. O dinheiro bancaria pensão de R$ 12 mil e aluguel da jornalista Mônica Veloso, com quem o senador tem uma filha, fora do casamento.
2.ª Suspeita
O presidente do Senado teria favorecido a Schincariol depois que a empresa comprou por R$ 27 milhões uma fábrica de refrigerante do irmão dele, o deputado Olavo Calheiros (PMDB-AL). A aquisição da fábrica que estava prestes a fechar as portas coincidiu com visitas que Renan teria feito à cúpula do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e à Receita Federal para tratar de problemas de sonegação da cervejaria.
3.ª Suspeita
O senador teria usado laranjas para comprar uma empresa de comunicação em Alagoas por R$ 1,3 milhão, usando dinheiro vivo em reais e em dólar. O presidente do Senado seria dono de duas emissoras de rádio que valem R$ 2,5 milhões e foi sócio, junto com o usineiro e ex-deputado João Lyra (PTB-AL), do jornal diário O Jornal até dois anos atrás. As rádios, no entanto, não estão em nome do senador.
O depoimento do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), nesta quinta-feira (23) dividiu a comissão de três relatores do processo contra ele no Conselho de Ética. Para Renato Casagrande (PSB-ES) e Marisa Serrano (PSDB-MS), Renan deixou dúvidas. Já Almeida Lima (PMDB-SE), aliado do senador, afirmou que está convencido da inocência do colega. "A mim, eu confesso, já tinha convencido há muito tempo. Apenas ratificou tudo o que havia sido exposto com antecedência", disse Lima.
Casagrande e Marisa Serrano disseram que, mesmo após o depoimento, ainda há dúvidas e contradições na evolução patrimonial do presidente do Senado, nos seus rendimentos agropecuários, e também em sua movimentação financeira, inclusive um empréstimo feito por Renan junto a uma locadora de veículos.
"Há dúvidas e contradições. Principalmente na evolução patrimonial. Ele (Renan) falou o que achava que deveria falar. Temos agora que confrontar as informações", disse Casagrande. "Pode ser que ainda me convença. Mas hoje ainda não estou convencida", afirmou Marisa Serrano.
Renan não apresentou novos documentos, segundo eles. "Não há informações novas", disse Casagrande. Os relatores querem entregar um relatório final no próximo dia 30.
O depoimento
Segundo eles, Renan disse que a perícia da Polícia Federal em seus documentos foi boa para ele. A perícia avaliou se o senador tinha rendimentos agropecuários suficientes para pagar pensão à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha de 3 anos. Renan é acusado de ter recebido ajuda de um lobista para pagar essas despesas. "Ele(Renan) acha que a perícia comprova tudo", disse Casagrande.
O depoimento do presidente do Senado começou às 18h10 e terminou por volta de 19h45. Renan depôs no gabinete do presidente do Conselho de Ética, Leomar Quintanilha (PMDB-TO). Apenas Quintanilha e os relatores ouviram Renan, que, aliás, esteve acompanhado de um contador para ajudá-lo a responder sobre as lacunas apontadas na perícia da PF.
Segundo os relatores, Renan buscou justificar o empréstimo que fez junto a uma locadora de veiculos em Alagoas, que, segundo a polícia, pertence a seu primo Tito Uchôa. A perícia diz que o senador não declarou essa empréstimo em seu Imposto de Renda. De acordo com os relatores, Renan alegou que esse dinheiro foi usado para pagar "despesas pequenas" no estado. "Ele disse que não declarou porque queria manter um caráter reservado sobre isso", disse Casagrande. "Temos que avaliar se esse empréstimo é valido", ressaltou.
O empréstimo
A perícia realizada pela Polícia Federal em documentos apresentados por Renan apontou irregularidades em empréstimos que o senador diz ter feito em 2004 e 2005 com a Costa Dourada Veículos LTDA, que, de acordo com a polícia, pertence a Tito Uchôa, primo do senador. A polícia afirma que a análise dos documentos apresentados por Renan permite afirmar ainda que os empréstimos não foram declarados por ele em seu Imposto de Renda, nem foram registrados em cartório.
Tito Uchôa é acusado pelo usineiro João Lyra de ser "laranja" do senador em empresas de comunicação em Alagoas. Ainda segundo a PF, não se trataram de empréstimos, "mas de dezenas de retiradas em espécie, periódicas, ocorridas nos primeiros meses dos anos de 2004 e 2005". Como não foram declarados, a PF desconsiderou esses empréstimos como prova de renda.
A perícia
A perícia da Polícia Federal não conseguiu responder a mais da metade das questões feitas pelo Conselho de Ética à PF. Do total de 30 perguntas, 16 não foram respondidas completamente no laudo entregue ao Senado pela PF na terça-feira (21).
O relatório aponta que, apesar de todos os documentos enviados por Renan serem autênticos, não é possível comprovar a venda de gado que teria sido feita pelo senador. A PF diz ainda que há inconsistências na sua evolução patrimonial e afirma que não há como garantir que saiu das contas do presidente do Senado o dinheiro da pensão paga à jornalista Mônica Veloso.
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