O presidente da Assembleia, Nelson Justus, abre sessão com poucos deputados em plenário: portal não terá lista de presença dos parlamentares| Foto: Rodolfo Bhürer/Gazeta do Povo

Entrevista

Entrevista com Durval Amaral (DEM), deputado estadual.

A Comissão de Tomada de Contas será rigorosa no controle das notas fiscais para que os deputados possam receber o ressarcimento mensal de R$ 27,5 mil.

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Informações devem ser acessíveis

Caroline Olinda

Apenas colocar as informações no site não basta. Também é preciso se preocupar com o modo como serão apresentadas, avaliam cientistas políticos e especialistas em divulgação de informações públicas. "Dar informação não significa apenas disponibilizar dados. É preciso que ela possa ser acessada de forma simples e de fácil entendimento para o cidadão", diz Tiago Peixoto, pesquisador do Instituto Universitário Europeu (EUI), de Florença, na Itália.

Na avaliação do diretor de projetos da ONG Transparência Brasil, Fabiano Angélico, pouco adiantará a publicação da Lei Orçamentária e outras legislações – previstas para en­­trar no portal – se for colocado apenas o PDF dos documentos. "Se for publicado em PDF é o mesmo que nada. Ninguém vai conseguir recolher dados facilmente", diz. Para ele, o sistema deve ser algo próximo ao do utilizado no portal lexml.gov.br. A página, do governo federal, compila diversas legislações em um espaço de busca semelhante ao do sistema Google – um dos mecanismos de busca mais populares da internet.

Angélico também sugere que os balanços de gestão fiscal sejam co­­locados em um programa que possibilite ao cidadão realizar uma fil­­tragem dos dados. Dessa forma, é possível fazer uma análise das in­­formações e elas ganham utilidade.

No item de divulgação dos gastos da Casa, também devem ser informados os contratos, licitações e pregões realizados pelo Le­­gis­­lativo, argumenta o cientista político Sérgio Braga, da UFPR.

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O Portal da Transparência poderá ser acessado no próprio site da Assembleia Legislativa do Paraná (www.alep.pr.gov.br) e será dividido em 4 tópicos: administração, gestão fiscal, legislação e custeio da atividade parlamentar. Esse último é o quadro mais esperado. Nele estará detalhado como cada deputado gasta a verba de ressarcimento mensal, que pode chegar a R$ 27,5 mil. Toda despesa terá de ser comprovada por documentos com a Razão Social e o Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) da empresa fornecedora ou prestadora de serviços.

O cidadão poderá escolher o mês de referência e o nome do parlamentar e será aberto um quadro com as despesas gerais. Se quiser mais detalhes sobre gastos específicos – como hospedagem, por exemplo –, é só clicar so­­bre a despesa e terá detalhadamente os valores por nota fiscal.

Existem regras para o uso da verba de R$ 27,5 mil. Desse total, o deputado pode gastar R$ 15 mil para reembolso de despesas com combustível, alimentação, hospedagem, material de expediente, serviços gráficos, divulgação da atividade parlamentar, passagens e taxas de embarque, locação de imóveis, serviços de co­­municação e consultoria técnica, entre outros. Ao todo, foram definidas 27 categorias de despesas.

Cada parlamentar tem um li­­mite de até R$ 4,5 mil para gastos com combustível. A cota postal telefônica é de R$ 3,2 mil e a cota transporte (aérea e terrestre) tem o valor máximo de R$ 9,3 mil mensais.

A cota de transporte vai indenizar despesas como manutenção, consertos, seguros, impostos e pedágios dos veículos usados pelos deputados.

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Por último, são especificados os gastos com as viagens dos deputados em missões oficiais, com o nome de quem viajou, para onde foi, por quanto tempo e a finalidade da viagem. A partir deste mês, a Mesa Executiva da Assembleia determinou a emissão de diárias de R$ 600,00, com limite de 8 por mês para cada deputado. Antes, não havia limite de gastos nas viagens oficiais.

As despesas se referem a cada mês, mas se o deputado não gastar toda a verba ficará com um "saldo" a mais para gastar no mês seguinte.

Os gastos referentes ao primeiro semestre e a anos anteriores, porém, ficarão de fora: o histórico terá início em julho de 2009.

Servidores

O item administração no portal traz informações sobre a gestão administrativa e a prestação de contas. Será apresentada a lista dos servidores da Casa, mas sem os cargos que ocupam, os salários e os gabinetes onde estão lotados.

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No caso dos vencimentos, será publicada uma tabela com o enquadramento do quadro efetivo e os salários dos servidores de carreira, que variam de R$ 873,15 a R$ 6.633,66, fora gratificações e vantagens.

O portal não informará os vencimentos dos comissionados. Cada deputado pode dividir como quiser e para quem quiser os R$ 32 mil mensais a que tem direito.

Coincidentemente, foram irregularidades no pagamento a comissionados que originaram o "esquema gafanhoto" – no qual la­­­­ranjas eram registrados como funcionários mas os salários eram recebido por terceiros. O caso está sendo analisado pela Justiça.

Holerites

Ainda no item Administração, será publicado um holerite pa­­drão mostrando os subsídios dos 54 deputados, com o valor bruto deduzido de INSS e Im­­posto de Renda. Atualmente, cada deputado recebe um salário líquido de R$ 9.307,11.

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